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22/09/2002 - 02h30

Movimentos sociais elevam qualidade de vida na zona leste de SP

da Folha de S.Paulo

De um lado, um conjunto habitacional de 200 casas bem pintadas e cuidadas, construídas em mutirão, cercado por hospital, escola, ponto de ônibus e campo de futebol. Do outro, uma favela vizinha e a ameaça constante de assaltos, cujos produtos vão alimentar o tráfico de drogas local.

A situação do conjunto Miguel Ackel, em São Miguel, simboliza o processo pelo qual alguns distritos da zona leste de São Paulo passaram na última década. As melhorias, alcançadas em grande parte graças à atuação dos movimentos sociais da região, conseguiram diminuir o índice de exclusão, mas não foram suficientes para tornar a população incluída.

Seis dos dez distritos paulistanos que mais melhoraram entre 1991 e 2000 estão na zona leste. Todos tiveram maior avanço no índice de autonomia (que reúne parâmetros de renda e emprego), mas ainda estão abaixo da linha de inclusão. É o caso de São Miguel, Vila Formosa, Vila Matilde, Parque do Carmo, São Mateus e Ermelino Matarazzo.

"Ainda falta muito, mas, se não fosse a comunidade organizada, a situação estaria bem pior. O pouco que se conseguiu foi com a luta dos movimentos sociais. Nesse ponto, a zona leste é exemplo para as outras regiões da cidade", afirma Zorilda Maria dos Santos, do Fórum de Mutirões de São Paulo.

"Com certeza a região colhe hoje os frutos de uma movimentação forte que começou lá há mais de dez anos", afirma Dirce Koga.

O Miguel Ackel é um exemplo. Para terminar o conjunto, Zorilda conta que foram necessários 12 anos e muitas manifestações exigindo dos órgãos oficiais a infra-estrutura necessária às famílias que trabalharam sábados e domingos na construção das casas.

"Muitas vezes pensávamos em desistir e voltar a pagar aluguel em algum lugar muito pior. Só o apoio do grupo é que mantinha nossa empolgação", diz a cabeleireira Edna Lúcia da Silva Peixinho, 44, hoje tesoureira da associação que administra o conjunto.

A filha dela, Cintia Lúcia, 19, tinha dez anos quando o mutirão começou e acompanhava a mãe nos fins de semana. Hoje, mãe de Karen, 4, Cintia já faz parte de um grupo que deve começar ainda neste ano um outro mutirão em Guaianazes (também na zona leste). "E vamos terminar nossas casas em menos tempo", brinca.

Dirce ressalta, entretanto, que a melhora nos distritos se deveu também às facilidades de transporte trazidas pelo metrô e à proximidade com regiões mais ricas, como o Tatuapé. O maior exemplo da "boa influência" é a Vila Formosa, que quase alcançou o índice de inclusão.
 

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