Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/09/2002 - 18h06

Polícia descobre central telefônica em MT utilizada por presos no Ceará

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Fortaleza

Uma central telefônica em Mato Grosso era utilizada por presos do IPPS (Instituto Penal Paulo Sarasate), presídio considerado de segurança máxima, na região metropolitana de Fortaleza, para negociar fugas, compra de armas e até assaltos em outros Estados.

A descoberta foi feita pela Polícia Civil do Ceará, que acompanhou durante cinco meses telefonemas a presos do IPPS por meio de uma escuta telefônica autorizada pela Justiça.

A central telefônica funcionava da seguinte maneira: a pessoa que queria falar com um preso do IPPS discava a cobrar para o número da central telefônica em Mato Grosso, que transferia automaticamente a ligação para um celular dentro do presídio. A existência dessa central dificulta o rastreamento das ligações pela polícia.

Segundo a Superintendência da Polícia Civil, gastava-se, por mês, entre R$ 6.000 e R$ 7.000 com ligações. A pessoa que pagava as contas ainda não foi identificada. A central telefônica, instalada com o disfarce de uma central de telemensagens, já foi fechada pela polícia de Mato Grosso.

"Pelas escutas, pudemos evitar assaltos e fugas que estavam sendo planejados por presos do IPPS em dez Estados", disse o delegado Fábio Facó, da Delegacia de Roubos e Furtos.

A polícia desconfia que o grupo que utilizava a central telefônica possa fazer parte do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa sediada em São Paulo. "O preso que sempre atendia as ligações dentro do presídio, o Bambam (Valdir Flávio Caetano da Silva), dizia a sigla SPCPCC, o que nos leva a crer que possa ter vínculos com o PCC", disse o delegado.

PM
A Polícia Militar instaurou hoje inquérito para punir o soldado Athayde de Assis Barbosa, identificado nas gravações telefônicas como a pessoa que negociava com presos para facilitar uma fuga.

Barbosa, que ainda não tem advogado, confirmou em depoimento que havia combinado receber R$ 30 mil dos detentos para ajudá-los a fugir e disse que fez isso por "fraqueza espiritual". Ele está detido no presídio da Polícia Militar e pode ser expulso da corporação.

Nas gravações, além de negociar a fuga, ele também negociava armas. Para a fuga, o soldado dizia que iria procurar a ajuda de outros dois policiais militares, ainda não identificados, para explodir o muro externo do IPPS. Antes da explosão, haveria um blecaute no presídio.

Oito presos iriam fugir na ação, entre eles o português Luiz Miguel Melitão Guerreiro, condenado pela morte de seis empresários portugueses em agosto do ano passado, em Fortaleza.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página