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28/09/2002 - 20h36

Catedral da Sé reabre após restauração que consumiu R$ 19,5 milhões

LÍVIA MARRA
da Folha Online

A catedral da Sé, no centro de São Paulo, reabre as portas neste domingo, após três anos em obras que consumiram R$ 19,5 milhões. A missa que marca a "reinauguração", às 10h, é celebrada pelo cardeal-arcebispo dom Cláudio Hummes. A atração especial é um concerto de sinos.

O prédio passou por completa restauração: do piso às torres, passando pelas portas, pelo mobiliário e pelos 61 sinos. O prédio havia sido interditado em julho de 1999, quando um tijolo caiu do teto próximo ao altar. Passou por obras emergenciais, foi parcialmente reaberta em outubro de 1999 e novamente fechada em maio de 2000, com a aprovação do projeto de recuperação.

Restaurada, a catedral ganhou 14 torreões, previstos no projeto original, elaborado em 1912 pelo arquiteto Maximiliano Hehl. Apesar das torres existentes, os torreões não haviam sido concluídos, apesar da inauguração da catedral, em 1954.

As obras de recuperação proporcionaram resultados "surpreendentes", na opinião do cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes.

A catedral ficou mais clara, mais iluminada, ganhou novo sistema de som e está mais segura para os frequentadores.

Durante os trabalhos, "descobertas" foram feitas dentro da catedral, surpreendendo engenheiros, arquitetos e operários. Um dos "achados" são as pranchas originais do projeto foram encontradas sob a arquibancada do coro, proporcionando subsídios para que a restauração fosse "a mais fiel possível", na avaliação do engenheiro Ronaldo Ritti, diretor da Divisão de Restauro de Patrimônio Histórico da Concrejato -empresa responsável pelas obras.

A reabertura, além de devolver o templo aos católicos, é o primeiro passo para a concretização de um projeto museológico. A meta é conjugar a catedral a um museu, como já existe em templos religiosos ao redor do mundo. A idéia é possibilitar ao visitante acesso a um acervo histórico, arquitetônico e cultural da catedral, além de uma visão da cidade, com roteiros internos e externos, pelas torres.


Recuperação

Localizada no "Marco Zero" da cidade, a catedral da Sé virou ponto de concentração para manifestações púbicas -como as Diretas Já, na década de 80- e enfrentou a degradação do tempo e da região.

Segundo o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, as obras são resultado "de anos e anos de acomodação dentro de uma cidade que foi crescendo e se desenvolvendo".

"Sobretudo a trepidação nos arredores, [como o provocado pelo Metrô], influenciaram o desgaste estrutural", disse.

Além da poluição e do tráfego pesado, moradores de rua usavam as laterais da catedral como dormitório, cozinha e até banheiro. Portas de jacarandá foram danificadas e vitrais, quebrados.

"Esta entrada era dormitório de mendigo. Também tinha fogão e as pessoas faziam suas necessidades nas portas. Não se enxergava nada de madeira. Era só sujeira", disse o engenheiro Ronaldo Ritti, apontando para uma porta lateral.

O interior da catedral também sofreu a ação do tempo. Infiltrações deixaram as paredes escuras, úmidas. Água corria pelos pilares e provocava alagamentos. Eram 4.000 metros de rachaduras.

"O primeiro trabalho foi proteger com telas e fazer monitoramento para saber se as rachaduras estavam estabilizadas", afirmou Ritti.

Os serviços emergenciais começaram a ser feitas ainda em 1999. As obras de restauração tiveram início a partir de maio de 2000, quando foi aprovado o projeto.

A restauração contou com reparos nos vitrais, revitalização dos sinos, manutenção das redes hidráulica e elétrica, resolução de problemas que ameaçavam a estrutura -como rachaduras e infiltrações-, e lavagem e pintura do prédio.

A manutenção da restauração poderá ser feita pela própria Igreja. "A empresa vai deixar um manual porque o grande problema de qualquer obra é sair sem deixar subsídios [para manutenção]", afirmou Ritti.

Parte do dinheiro para a restauração veio de leis de incentivo à cultura. O restante -cerca de R$ 3,5 milhões- ainda está sendo arrecadado em doações, principalmente de empresários.

Para o cardeal-arcebispo de São Paulo, foi "uma grande vitória" concluir as obras.

"Não esperava que [a catedral] ficasse tão bonita. E fosse tão bonita. Parece uma catedral nova", afirmou dom Cláudio Hummes.

Prêmio

Para as obras, o arquiteto Paulo Bastos precisou recorrer a uma técnica de envelhecimento da cobertura da catedral, que é em cobre.

A ação do tempo deixou a coloração esverdeada por causa do envelhecimento natural do material. O novo teto, se tivesse a cor natural do cobre, provocaria grande contraste.

Por isso, a equipe de Bastos recorreu a uma consultoria do Chile, para fazer o envelhecimento do material "à força".

"Foi feito um trabalho com tratamento ácido para o cobre ser envelhecido à força porque, caso contrário, o contraste seria muito grande", afirmou.

Bastos venceu o Concurso Pró-Cobre de Arquitetura com o trabalho desenvolvido na recuperação das torres da catedral.

O resultado da premiação será anunciado na abertura da Bienal Ibero-americana de Engenharia e Arquitetura, realizado no próximo mês em Santiago, no Chile.

Leia mais:

  • Especial Catedral da Sé - Folha Online

    E veja também:

  • Site de Religiões da Folha Online
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