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28/09/2002 - 20h38

Restaurada, catedral ganha 14 torreões previstos no projeto original

LÍVIA MARRA
da Folha Online

A restauração da catedral da Sé contou com reparos nos vitrais, revitalização dos sinos, manutenção das redes hidráulica e elétrica, resolução de problemas que ameaçavam a estrutura -como rachaduras e infiltrações. Todo o prédio foi lavado e pintado. Manter o projeto original, elaborado em 1912 pelo arquiteto Maximiliano Hehl, era o principal objetivo.

O projeto previa a construção de 14 torreões, além das torres, que não foram feitos após a inauguração da catedral, em 1954.

No entanto, para que a restauração seguisse o modelo original, as plantas deveriam ser encontradas. Elas foram achadas por acaso, durante os trabalhos, no coro da igreja. Sacos com cerca de 150 pranchas do projeto original estavam "guardados" sob uma arquibancada, há anos.

"Foi um grande desafio. Quando ficou decidido que a restauração seguiria o caminho mais conservador, precisávamos achar o projeto original. Tivemos de viajar, procurar resquícios, partes do projeto. Um dia, durante a limpeza, várias plantas foram encontradas no coro, e deram subsídios para a restauração", afirmou o engenheiro Ronaldo Ritti, diretor da Divisão de Restauro de Patrimônio Histórico da Concrejato, empresa responsável pelas obras.

Antes da descoberta, foram feitas buscas em arquivos e com parentes de arquitetos e engenheiros que trabalharam na construção da catedral. Nada foi encontrado nesta etapa.

A ausência do projeto original impedia que a restauração fosse feita, como é exigido pela Carta de Veneza, elaborada no 2º Congresso Internacional de Arquitetura e Técnicos de Monumentos Históricos, em 1964.

O documento atesta que o restauro deve ser baseado no respeito pelos materiais originais e pela documentação autêntica.

A construção dos 14 torreões, devolvendo à catedral sua forma prevista pelo arquiteto Maximiliano Hehl, foi iniciada em julho de 2001, a partir do encontro das pranchas. Mas não foi simples.

O aço e o granito, que compõem as duas torres -datadas de 1956- não eram adequados para a construção dos torreões. O peso poderia colocar em risco a estrutura do prédio.

"Outro desafio, além de encontrar as pranchas, foi buscar uma técnica para fazer os torreões porque o material original era muito pesado e a estrutura poderia não aguentar", disse Ritti.

Em estudo inicial, o arquiteto Paulo Bastos propôs a construção dos torreões e agulhas em cristal translúcido, agregando à construção características como referência urbana. A Cúria, no entanto, optou por conservar o projeto original.

Em busca de uma técnica

Antes de erguer os torreões, diversos materiais foram pesquisados para substituir o aço e o granito. Decidiu-se, então usar aço e o GRC (glass reinforced concrete) -uma argamassa com fibra de vidro.

Peças pré-moldadas foram feitas com o material. "Não tinha como levar uma grua, um guindaste para fazer os torreões. Uma das torres, da frente, tem 1.033 peças, que foram 'encaixadas' durante os trabalhos", disse Ritti.

Segundo a Concrejato, responsável pelas obras da catedral, esta é a primeira vez que o GRC é usado no Brasil "em tais proporções". O material permite uma redução de até 50% do peso.

Este tipo de estrutura é bastante utilizado na Europa, em especial na Espanha. Também está sendo empregado na Igreja da Sagrada Família em Barcelona.

Leia mais:

  • Especial Catedral da Sé - Folha Online

    E veja também:

  • Site de Religiões da Folha Online
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