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29/09/2002 - 05h20

Chefes afastados no massacre da Detenção foram promovidos

da Folha de S.Paulo

Promoção na hierarquia militar, novos homicídios no currículo e até desvio para a criminalidade fazem parte do histórico dos últimos dez anos de oficiais e praças da PM que participaram do massacre na Casa de Detenção.

Dos seis comandantes afastados três dias depois do episódio, dois entraram para a reserva _entre eles, o coronel Ubiratan Guimarães_ , e três foram promovidos.

Na época, o então capitão Wanderley Mascarenhas perdeu a chefia do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) por causa do massacre, mas hoje é tenente-coronel (subiu dois postos na hierarquia).

O tenente-coronel Edson Faroro perdeu o comando do 2º Batalhão da tropa de choque, mas hoje é coronel (subiu um posto). O tenente-coronel Antonio Chiari, comandante da Rota, também ficou sem a chefia, mas foi promovido a coronel.

Depois do massacre, os praças voltaram para a rua sem acompanhamento especial por parte da PM. O Proar (Programa de Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco) só foi criado em 1995.

O cabo Paulo Estevão de Melo, por exemplo, soma desde o episódio Carandiru mais seis inquéritos por homicídio. Ele foi apontado no relatório da Ouvidoria das Polícias de São Paulo como um policial do Gradi (Grupo de Repreensão dos Delitos de Intolerância), que realizava infiltração de presos condenados em quadrilhas supostamente ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo o relatório, Melo participou da ação que terminou na morte de cinco pessoas, em julho de 2001, no Jardim Maria Elisa (zona norte).

Entre os mortos, estava o preso Fernando Henrique Rodrigues Batista, o Chacal, colaborador da PM. Melo também teria participado, segundo a Ouvidoria, de uma ação em Piracicaba (170 km de SP), em fevereiro deste ano, quando foram mortos três supostos integrantes do PCC.

Na lista de PMs que devem ir a julgamento pelo massacre, também constam dois policiais já expulsos da corporação por envolvimento com assassinatos em série e ligação com quadrilhas.

O ex-soldado da Rota Cirineu Carlos Letang da Silva foi condenado pelas mortes de três travestis, ocorridos cincos meses depois do episódio do Carandiru. Silva integrava a equipe que invadiu o terceiro pavimento do pavilhão, onde foram mortos 77 presos.

O capitão Cleodir Fioravante Nardo foi expulso da PM em 2000 após uma investigação sobre a suposta ligação dele com quadrilhas especializadas em desmanches de carros e roubo de carga em São Paulo. Nardo estava na equipe que entrou no pavilhão para a chamada varredura _organizar os presos.

Foi Nardo que apresentou as 13 armas que estariam supostamente usadas pelos presos. Segundo o promotor de Justiça Norberto Joia, só foi possível identificar a numeração de duas delas.

Um revólver 32 era de propriedade do Ministério do Exército _sendo que não constava registro de roubo ou extravio_ e outro revólver do mesmo calibre fora apreendido pela PM de um homem em São Paulo. As 13 armas também apresentavam sinais de corrosão e não havia vestígios de terem sido usadas, segundo Joia.

O advogado Antonio Cândido Dinamarco, que defende 46 PMs denunciados, afirmou que os policiais não podem sofrer qualquer punição, inclusive administrativa, porque não têm responsabilidade sobre o que aconteceu na Casa de Detenção. Para ele, os PMs não podem ser punidos porque "estavam cumprindo o seu dever".
 

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