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23/10/2002 - 14h50

Saiba mais sobre o PCC, um braço armado do narcotráfico do Rio

RICARDO FELTRIN
Editor da Folha Online

O PCC (Primeiro Comando da Capital) está por trás da maioria das rebeliões em presídios do Estado de São Paulo há pelo menos 3 anos. O PCC começou a ter visibilidade em SP em 1999, então apenas como "braço" dos traficantes do Rio, que, aparentemente, queriam transferir parte de suas operações para cá.

Para a polícia paulista, há duas teses para a origem do PCC:

1ª) o PCC seria uma ramificação da matriz Comando Vermelho (CV) _principal distribuidor de drogas e armas no país;

2ª) o PCC seria uma nova dissidência do CV, assim como o Terceiro Comando, que se rebelou contra o CV nos anos 90.

A origem propriamente dita do PCC estaria em 93 ou 94 (não há consenso sobre a data). Aparentemente começou com criminosos livres, interessados em ajudar os que estavam presos. Em 2000 entrou para valer nos grandes presídios paulistas.

A primeira tese é não só a mais compreensível, como a mais comprovada. A união entre PCC e Comando Vermelho já foi confirmada por meio de documentos, telefonemas grampeados e pactos feitos entre os líderes de cada uma dessas facções _incluindo "reserva de mercado e de território".

Como começou a relação
A relação PCC/CV teria começado em 99, quando a cúpula do tráfico do Rio decidiu mudar sua base de operações do Rio para São Paulo.

O PCC ainda era então uma entidade embrionária, que tinha entre seus interesses melhorar _legalmente_ a situação dos presidiários no Estado.

O endereço escolhido pelo CV para entrar no Estado foi a favela de Heliópolis (zona sudeste da cidade).

Motivo para deixarem o Rio: os criminosos estariam "cansados" de ser extorquidos por alguns policiais fluminenses. Em troca de propina, eles sempre permitiram o trânsito livre de drogas, armas e contrabando para os morros _e, daí, para o consumidor.

Só que, a partir dos anos 90, o aumento de policiais corruptos que se envolveram nessa "cadeia" do mercado de drogas foi tamanho que provocou um efeito imediato no bolso dos traficantes: o lucro do negócio caiu tanto que ameaçou até sua continuidade.

Seria ótimo para alguns policiais: eles próprios assumiriam o controle do negócio. Houve uma reação imediata do tráfico. A guerra tráfico x polícia, acredita-se, teria se acirrado em 92/93. Diz-se que foi uma das causas da chacina de Vigário Geral, na madrugada de 31 de agosto de 1993, quando policiais mataram 21 pessoas (noites antes, traficantes da favela se negaram a pagar propina a policiais).

Daí o interesse, anos depois, de Fernandinho Beira-Mar e amigos de mudarem sua base de operação. Em entrevista gravada e publicada na revista "IstoÉ" (em 2000), Beira-Mar chega a reclamar com seu interlocutor que não suportava mais "ser extorquido" por policiais do Rio.

A maioria dos "produtos" ilícitos, como drogas e armas, sempre chegou ao Rio pelo mar. Dada a enorme costa não patrulada. É no mar que ocorreria o primeiro e maior pagamento de propina: supostamente para policiais marítimos que sempre fizeram vista grossa aos descarregamentos.

Mudando a base de operações para São Paulo, todos os carregamentos, que costumam partir de países como o Paraguai rumo ao Sul do Brasil e, depois, por via marítima, para o Rio, passaram a entrar em São Paulo por rodovias _para só então serem enviados ao Rio.

Saía mais custoso, dado o "frete", mas com essa medida os traficantes se "vingaram" dos policiais cariocas e não lhes pagavam "propinas" . Se bem que, provavelmente, devem pagar algo (a uns poucos policiais corruptos) para entrar e operar em SP.

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