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08/11/2002 - 03h04

Prefeitura de SP injeta R$ 7 milhões em viação

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

A prefeitura injetou nos últimos dois meses R$ 7 milhões nas viações de ônibus do empresário Romero Niquini, segundo maior de São Paulo, que teve seus contratos rompidos e cuja frota passou ao controle do poder público em razão de irregularidades na prestação de contas da arrecadação.

O desembolso foi feito pela SPTrans (São Paulo Transporte, órgão municipal que cuida do setor) para pagar as dívidas deixadas por Niquini e conseguir manter a operação de quase 900 ônibus das viações Santa Bárbara, São Judas e Expresso Parelheiros.

A administração Marta Suplicy (PT) prevê injetar ainda em torno de R$ 4 milhões até dezembro, já que a arrecadação da tarifa não vai ser suficiente para os pagamentos do 13º salário dos motoristas e cobradores. O montante de R$ 11 milhões beira 10% da arrecadação mensal do sistema, cuja frota é de 10 mil veículos.

As informações sobre a injeção de recursos foram dadas ontem por Willian Ali Chaim, 39, militante do PT ligado ao alto escalão do partido e que preside desde julho as empresas de Niquini.

Chaim chama essa operação de "subsídio" _prática abolida pela prefeitura em maio de 2001, quando a tarifa subiu de R$ 1,15 para R$ 1,40. "Eles estão subsidiando porque não existe condição financeira de operar em São Paulo sem subsídio. Para que se mantenham, os empresários não pagam impostos nem registram a hora extra no holerite", diz.

O diretor-adjunto da SPTrans, Adauto Farias, confirma os gastos, mas usa dois argumentos para negar a classificação de subsídio: os recursos injetados nas viações não são de verba orçamentária, mas do montante arrecadado pela SPTrans e viações com vales-transporte; e a intenção do governo é recuperá-los no final da intervenção, cobrando judicialmente de Niquini, se preciso.

"Ao entrar, tivemos que cobrir pendências com trabalhadores e fornecedores. Tudo será pedido de volta, e nenhum tostão saiu do Orçamento. Se a gente não tivesse feito esse desembolso, os ônibus não teriam como rodar", afirma Farias, que reconhece que a arrecadação das viações de Niquini não cobre os custos. "Mas é porque se gasta demais com manutenção. Eles não investiram na frota nos últimos anos", diz.

Farias afirma que a prefeitura injetou ainda R$ 3 milhões em duas intervenções feitas nos últimos meses nas viações América do Sul e Cidade Tiradentes. Esse valor, segundo ele, já está sendo descontado da remuneração dessas empresas, que não estão mais sob controle do poder público.

Depoimento
Chaim deveria prestar depoimento ontem na Câmara Municipal, mas não houve quórum na Comissão Permanente de Transportes e Atividade Econômica.

O petista, que diz ter assumido a presidência do grupo Niquini por indicação do secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, prometia, nas palavras dele, um "arsenal" de revelações sobre as ações da prefeitura nesse setor -principalmente sobre a intervenção nas empresas de Niquini e supostos benefícios a grupos.

O depoimento foi adiado para a próxima segunda-feira. Dos sete integrantes da comissão, apenas os vereadores José Rogério Farhat (PSD) e Roger Lin (PPS) compareceram. Toninho Campanha (PSB), Devanir Ribeiro (PT), Dalton Silvano (PSDB), Domingos Dissei (PFL) e Humberto Martins (PDT) não estiveram presentes. O quórum mínimo era de quatro.

Alguns vereadores viram com estranheza a ausência e suspeitam de uma articulação governista para evitar a fala de Chaim _versão negada pelos envolvidos.
 

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