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11/11/2002 - 16h37

Namorada de acusado de matar casal Richthofen é ouvida no DHPP

LÍVIA MARRA
da Folha Online

A namorada de Cristian Cravinhos de Paula e Silva, um dos acusados de assassinar o casal Richthofen, foi ouvida hoje por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Jóias roubadas da casa após o crime, na madrugada de 31 de outubro, foram encontradas na chácara da família da garota, no interior de São Paulo.

Manfred von Richthofen, diretor de Engenharia da Dersa, e sua mulher, a psiquiatra Marísia, foram assassinados com pancadas na cabeça, em casa, na região do Brooklin, zona sul de São Paulo. A filha do casal, Suzane, 19, seu namorado, Daniel, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, foram presos na sexta-feira (8) sob acusação de planejar e executar o crime. Segundo a polícia, os três confessaram participação.

A namorada de Cristian é menor de idade e não falou com a imprensa após o depoimento de hoje.

O pai da menina, Hélio Salvador, disse que Cristian chegou a ameaçar a filha de morte caso ela contasse para alguém sobre o assassinato, segundo informações da rádio CBN.

Ele afirmou ainda que Cristian passou com sua família o primeiro final de semana depois do crime, quando, provavelmente, escondeu as jóias. Salvador disse que a filha está "decepcionada".

Os três acusados vão responder por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa da vítima). Eles responderão também por roubo.

As armas usadas para o crime -barras de ferro recheadas com madeira- ainda não foram encontradas. Os acusados disseram à polícia que depositaram o material em uma lixeira na região do Ibirapuera, zona sul da cidade.

Suzane está detida na carceragem do 89º Distrito Policial (Morumbi). Os irmãos estão no 77º Distrito Policial (Santa Cecília).

Suzane recebeu ontem a visita do procurador jurídico da Dersa (empresa onde o pai da estudante trabalhava), Denivaldo Barni. Ele afirmou que o irmão de Suzane, Andreas, 15, perdoou a estudante pelo crime.

Reconstituição do crime
A polícia vai fazer nos próximos dias a reconstituição do crime. Será o primeiro encontro dos três acusados após a prisão.

A reconstituição está marcada para ocorrer na quarta-feira (13).

O crime
Os corpos de Manfred e Marísia foram descobertos na madrugada de 31 de outubro. Estavam na cama. O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto. Marísia estava com um saco plástico na cabeça.

Na sexta-feira (8), após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.

Segundo o DHPP, Suzane, Daniel e Cristian planejaram e executaram o assassinato. A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal. Suzane afirmou que planejou a morte dos pais "por amor" ao namorado.

A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.

Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.

Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.

Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.

Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.

Homenagem
Uma celebração foi realizada neste domingo na Igreja Evangélica Luterana da Granja Julieta, zona sul, em homenagem a Manfred e Marísia von Richthofen.

Astrogildo Cravinhos de Paula e Silva, 58, pai de Daniel e Cristian esteve no local.

Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou as pessoas próximas ao casal e utilizou grampos telefônicos.

Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.

Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".

Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.

Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.

O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada desta sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.
 

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