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13/11/2002
-
07h01
LETÍCIA JARDIM GUEDES
da Folha Online
A reconstituição do assassinato do casal Richthofen está marcada para ocorrer às 10h desta quarta-feira. Ela poderá esclarecer se a filha do casal, Suzane, 19, ajudou o namorado e o irmão dele a assassinar Manfred e Marísia von Richthofen.
O crime ocorreu na madrugada de 31 de outubro. O casal foi assassinado com pancadas na cabeça, em casa, na rua Zacarias de Góis, região do Brooklin, zona sul de São Paulo.
Os três acusados estão detidos desde sexta-feira (8), quando, após aproximadamente 12 horas de depoimentos, confessaram participação no crime, segundo o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Suzane, o namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, participam da reconstituição. Eles devem estar presentes, mas podem se recusar a colaborar com os trabalhos. Será a primeira vez que eles vão se encontrar após a prisão.
Em depoimento, Suzane disse que abriu a porta da casa, teve certeza de que os pais dormiam e acendeu a luz do corredor para facilitar o acesso de Daniel e Cristian. Ela disse que não estava no quarto enquanto seus pais eram golpeados com barras de ferro.
No entanto, a participação de Suzane no crime ainda não está clara para a polícia. Ela teria ajudado a limpar o quarto depois da morte do casal.
"Precisamos esclarecer a participação dela no crime. Não há indícios de que ela os golpeou, mas os depoimentos dos três têm muitas contradições, que vamos tentar esclarecer com a reconstituição", disse ontem a delegada Cíntia Tucunduva Gomes, responsável pelo inquérito.
Suzane está detida no 89º DP (Portal do Morumbi) e os irmãos, no 77º DP (Santa Cecília).
As armas usadas para o crime -barras de ferro recheadas com madeira- ainda não foram encontradas. Os acusados disseram à polícia que depositaram o material em uma lixeira na região do Ibirapuera, zona sul da cidade.
O crime
Os corpos de Manfred e Marísia foram descobertos na cama, na madrugada de 31 de outubro. O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto e Marísia estava com um saco plástico na cabeça.
Na sexta-feira (8), após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.
Segundo o DHPP, Suzane, Daniel e Cristian planejaram e executaram o assassinato. A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal. Suzane afirmou que planejou a morte dos pais "por amor" ao namorado.
A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.
Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.
Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.
Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.
Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.
Jóias foram encontradas no sítio da namorada de Cristian, C., 16, em Mairinque (66 km a oeste de São Paulo). Ela é uma das testemunhas da polícia.
Seu pai disse ontem, após depoimento da adolescente no DHPP, que Cristian chegou a ameaçar a filha de morte caso ela contasse para alguém sobre o assassinato. Disse também que Cristian passou com sua família o primeiro final de semana depois do crime, quando, provavelmente, escondeu as jóias na casa.
Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou pessoas próximas ao casal e utilizou grampos telefônicos.
Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.
Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".
Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.
Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.
O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada da última sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.
Reconstituição da morte do casal Richthofen acontece hoje
LÍVIA MARRALETÍCIA JARDIM GUEDES
da Folha Online
A reconstituição do assassinato do casal Richthofen está marcada para ocorrer às 10h desta quarta-feira. Ela poderá esclarecer se a filha do casal, Suzane, 19, ajudou o namorado e o irmão dele a assassinar Manfred e Marísia von Richthofen.
O crime ocorreu na madrugada de 31 de outubro. O casal foi assassinado com pancadas na cabeça, em casa, na rua Zacarias de Góis, região do Brooklin, zona sul de São Paulo.
Os três acusados estão detidos desde sexta-feira (8), quando, após aproximadamente 12 horas de depoimentos, confessaram participação no crime, segundo o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).
Suzane, o namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, 21, e o irmão dele, Cristian, 26, participam da reconstituição. Eles devem estar presentes, mas podem se recusar a colaborar com os trabalhos. Será a primeira vez que eles vão se encontrar após a prisão.
Em depoimento, Suzane disse que abriu a porta da casa, teve certeza de que os pais dormiam e acendeu a luz do corredor para facilitar o acesso de Daniel e Cristian. Ela disse que não estava no quarto enquanto seus pais eram golpeados com barras de ferro.
No entanto, a participação de Suzane no crime ainda não está clara para a polícia. Ela teria ajudado a limpar o quarto depois da morte do casal.
"Precisamos esclarecer a participação dela no crime. Não há indícios de que ela os golpeou, mas os depoimentos dos três têm muitas contradições, que vamos tentar esclarecer com a reconstituição", disse ontem a delegada Cíntia Tucunduva Gomes, responsável pelo inquérito.
Suzane está detida no 89º DP (Portal do Morumbi) e os irmãos, no 77º DP (Santa Cecília).
As armas usadas para o crime -barras de ferro recheadas com madeira- ainda não foram encontradas. Os acusados disseram à polícia que depositaram o material em uma lixeira na região do Ibirapuera, zona sul da cidade.
O crime
Os corpos de Manfred e Marísia foram descobertos na cama, na madrugada de 31 de outubro. O engenheiro tinha uma toalha branca no rosto e Marísia estava com um saco plástico na cabeça.
Na sexta-feira (8), após depoimentos que se estenderam pela madrugada, a Polícia Civil anunciou ter desvendado o crime.
Segundo o DHPP, Suzane, Daniel e Cristian planejaram e executaram o assassinato. A motivação seria a proibição do namoro de Suzane e Daniel e a consequente herança deixada pelo casal. Suzane afirmou que planejou a morte dos pais "por amor" ao namorado.
A casa não tinha sinais de arrombamento e o alarme e sistema interno de televisão estavam desligados, o que levou a polícia a investigar a hipótese de o crime ter sido cometido por pessoas próximas às vítimas. A biblioteca estava revirada.
Um revólver calibre 38, do engenheiro, foi encontrado ao lado da cama. Conforme a polícia, a arma não foi usada.
Suzane disse à polícia, no dia do crime, que havia saído com o namorado e com o irmão na noite de 30 de outubro. Deixaram Andreas em um cibercafé e foram a um motel. Na volta, disse que encontrou as portas abertas e as luzes acesas.
Na ocasião, informou aos policiais do 27º Distrito Policial o desaparecimento de R$ 8.000 e US$ 5.000.
Durante novos depoimentos feitos ao DHPP, os policiais perceberam contradições entre as falas de Suzane, do irmão e do namorado.
Jóias foram encontradas no sítio da namorada de Cristian, C., 16, em Mairinque (66 km a oeste de São Paulo). Ela é uma das testemunhas da polícia.
Seu pai disse ontem, após depoimento da adolescente no DHPP, que Cristian chegou a ameaçar a filha de morte caso ela contasse para alguém sobre o assassinato. Disse também que Cristian passou com sua família o primeiro final de semana depois do crime, quando, provavelmente, escondeu as jóias na casa.
Investigação
Para desvendar o crime, a polícia investigou pessoas próximas ao casal e utilizou grampos telefônicos.
Uma das suspeitas que levou à prisão dos acusados foi levantada por policiais do 27º Distrito Policial (Campo Belo). Eles avistaram uma moto Suzuki na casa de Astrogildo Cravilhos de Paula e Silva, pai de Daniel e Cristian, fizeram um "levantamento" da placa e chegaram até a loja onde o veículo havia sido comprado.
Os policiais descobriram que Cristian, que trabalha como mecânico, comprou a moto cerca de dez horas depois do crime. A compra teria sido feita por um "laranja".
Para o pagamento da moto, foram dados US$ 3.600 _usando 36 notas de US$ 100_ e uma moto usada. As suspeitas eram de que os dólares teriam sido retirados da residência do casal assassinado.
Além disso, Cristian também caiu em contradição quando prestava depoimento: disse que na noite das mortes estava acompanhado de uma garota, mas a moça negou a versão à polícia.
O rapaz acabou confessando todo o caso durante a madrugada da última sexta-feira. O depoimento levou às prisões de Daniel e Suzane, que também acabaram admitindo participação no crime.
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