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01/08/2000 - 19h53

Filhos do aposentado que matou cinco em MG disseram não acreditar que o pai os mataria

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RANIER BRAGON
da Agência Folha, em Arcos

Os três filhos do aposentado Otávio Rodrigues de Oliveira, 38, que ficaram ontem por dez horas como reféns do pai no município de Arcos (MG), disseram nesta terça-feira (01) não acreditar que ele pretendia matá-los.

Oliveira assassinou na madrugada de ontem a mãe, o irmão, a ex-mulher, a ex-sogra, o ex-cunhado e feriu ainda outro ex-cunhado, que está fora de perigo. Logo depois, ele se trancou em sua casa com três filhos, de 14, 12 e 10 anos, e ameaçava explodir o local com botijões de gás.

O episódio teve fim com a libertação dos reféns e a prisão de Oliveira. Ele foi levado para a Santa Casa da cidade e permanecia até as 18h desta terça em coma superficial.

Somente hoje, quando as crianças falaram sobre o caso, alguns detalhes ficaram esclarecidos (entre eles, a grafia correta de seus nomes e idades, informados incorretamente pela polícia).

De acordo com o estudante Gregory, 14, o pai garantia que iria libertá-los antes de explodir a casa. No meio da tarde, Oliveira deu a cada um dos três filhos tranquilizante diluído em guaraná. O garoto disse ter fingido beber.

O estudante afirmou que o pai bebeu um líquido _os médicos informaram ter sido uma mistura de guaraná, raticida e agrotóxico_ e ficou meio sonolento, terminando por adormecer.

Gregory afirmou que aproveitou a oportunidade para fechar a válvula dos botijões que tinham sido abertas e esconder o revólver calibre 38 que Oliveira portava. Em seguida, o garoto fugiu da casa e deu informações para os policias, que invadiram o local.

As duas meninas que também estavam como reféns, Angélica, 10, e Renatha, 12, foram atendidas na Santa Casa da cidade com desidratação e intoxicação. Elas foram liberadas no final da manhã de hoje, quando foram informadas sobre o assassinato da mãe, das avós e dos tios. "Elas começaram a chorar e pediram para ver o pai", disse o pediatra Macmiller Silva Costa, que atendeu as crianças.

"Acordei e minha tia falou que minha mãe estava morta, minha avó (estava morta) e que meu pai estava muito mal. Eu fui ver ele, peguei na mão dele, falei que tudo ia dar certo, que queria ficar com ele. Eles quiseram me tirar, mas eu implorei, e eles deixaram eu ficar. Eu quero que ele fique bem para a gente não ficar assim, perder a mãe e também perder meu pai", disse Angélica.

Os filhos do aposentado vão morar na casa do avô materno.

A psicóloga Isabela Maria Santana Pereira, 27, que conhece a família há um ano e meio e que dava apoio aos familiares ontem, disse que Oliveira era muito autoritário e que já teria criado problemas com professores das crianças.

Suzana, 17, que conseguiu se desvencilhar do pai enquanto ele cometia os crimes, reconheceu a agressividade do aposentado.

"Sabia que meu pai era agressivo em algumas situações, mas nunca imaginei que ele pudesse chegar a matar."

De acordo com declarações de parentes e conhecidos, ele era algumas vezes agressivo com a mulher e com os filhos. Aposentado em janeiro de 1998 por invalidez _em decorrência de problemas mentais, de acordo com os familiares_, Oliveira tinha oito irmãos vivos até a madrugada de ontem.

"O Otávio não aceitava a separação que teve com a Maria Célia (a ex-mulher assassinada), ocorrida há seis meses", afirmou a manicure Maria Sônia Fernandes Martins, 39, irmã da ex-sogra do aposentado.

Oliveira teve um relacionamento de 17 anos com Maria Célia e tinha outra mulher, com quem tinha outro filho. "Ele respondeu processo por bigamia e teve que anular um casamento, o com a Maria Célia, mas continuou com ela mesmo assim."

O aposentado, que chegou a ter duas paradas cardiorrespiratórias na noite de ontem, respirava hoje sem aparelhos e respondia a alguns estímulos.

Ele está sendo vigiado 24 horas por dois policiais civis. A polícia informou que começaria ontem a exumar os cinco corpos, enterrados ontem, já que não foram realizadas as autópsias.

Clique aqui para ler mais notícias sobre o aposentado que matou cinco pessoas em Arcos (MG) na Folha Online.

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