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27/11/2002 - 09h21

Fisco pode apurar "lavagem" no transporte em Campinas

CLAUDIO LIZA JUNIOR
da Folha Campinas

Pelo menos quatro criminosos, possivelmente ligados a um esquema de lavagem de dinheiro por meio do transporte alternativo, e pessoas ligadas a eles, poderão ter suas movimentações financeiras rastreadas pela Receita Federal a pedido do Ministério Público de Campinas (95 km de SP).

A medida é uma das cogitadas pela Promotoria para ser adotada na apuração do envolvimento do sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, no crime do prefeito Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT.

Segundo depoimento dado à polícia de São Paulo pelo ex-líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), José Márcio Felício, o Geleião, Andinho teria dito a ele que encomendou a morte de Toninho porque o prefeito atrapalharia o seu negócio com peruas.

Para apurar a veracidade dessa versão, a Promotoria já informou que irá requerer à prefeitura a relação das mudanças feitas nas linhas do bairro São Fernando, considerado base de Andinho, e dos nomes dos permissionários do transporte coletivo.

"Essa lista dos permissionários é importante para cruzarmos alguns nomes que temos, de criminosos que teriam usado o sistema para lavar dinheiro", afirmou o promotor Ricardo Silvares.

"Se a apuração indicar ser necessário acionar outros órgãos, como a Receita Federal, isso será feito", declarou.

De acordo com Silvares, a apuração não irá envolver todo o sistema alternativo de Campinas, mas apenas "poucos suspeitos" que teriam se utilizado do serviço para lavar dinheiro obtido em ações criminosas.

"Podemos chegar a outros criminosos, caso a apuração não indique relação do uso ilegal do serviço de transporte com a morte do Toninho. De qualquer forma, lavagem de dinheiro é crime", ressaltou Silvares.

Um novo depoimento de Geleião, agora no processo que apura a morte de Toninho, será requerido pelo Ministério Público.

Ele também é esperado pelo defensor de Andinho, Sílvio Artur Dias da Silva. "Espero que ele deponha na presença do Andinho, pois, ao que me parece, o Geleião fez essa declaração para depois negociar alguma coisa com ele [Andinho]."

Ainda segundo o advogado, a suspeita de que Andinho teria mandado matar Toninho por causa de um negócio com peruas não procede. "Alguém que ganhava milhares por sequestro não precisava disso."

Remoção
Ontem, a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária pediu para que Andinho não comparecesse à audiência judicial do caso do assassinato de Toninho marcada para o dia 12 dezembro, em Campinas.

A secretaria alega risco de segurança na remoção. A Justiça não se pronunciou sobre o pedido.

Andinho deverá depor hoje no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), da capital, no inquérito aberto sobre as ações organizadas pelo PCC no Estado de São Paulo.

A presença dele era esperada para ontem, mas a sua remoção do presídio de Presidente Bernardes foi adiada pela falta de documentação necessária à liberação.

"O Deic não está tratando diretamente da questão Toninho. Mesmo a menção do Geleião sobre isso não foi aprofundada", disse Silvares.
 

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