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15/12/2002 - 02h34

Casa de câmbio usada por quadrilha é a mesma do caso Sudam

MAURÍCIO SIMIONATO
da Agência Folha, em Belém

Duas das maiores investigações em curso no Brasil, a da rede de narcotráfico desbaratada na semana passada em vários Estados e a dos desvios de verba da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, extinta em 2001), se cruzaram em Belém. Os dois esquemas usaram a mesma casa de câmbio da capital paraense, a Cruzeiro, para lavar dinheiro, dizem a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Não há, até agora, ligação direta entre os principais acusados dos dois esquemas investigados.

A rede do tráfico foi alvo da chamada Operação Diamante, que prendeu 23 pessoas na segunda-feira passada -inclusive Leonardo Dias Mendonça, acusado de liderar a rede criminosa que, diz a PF, movimentou pelo menos R$ 15 milhões nos últimos dois anos.

Já a apuração sobre a Sudam começou em 2001. A Promotoria estima que os desvios foram de cerca de R$ 1,6 bilhão.

O dono à época da casa Cruzeiro, o doleiro José Samuel Benzecry, 40, teve quebrados os sigilos fiscal, bancário e telefônico. O esquema de lavagem começou a ser desvendado com a apreensão, no Rio, pela PF, em 1999, de US$ 2 milhões que estavam com Ourovida Serruya Benzecry, 38, mulher do doleiro. Segundo relatório da PF a que a Folha teve acesso, o dinheiro vinha dos EUA e pertencia a Mendonça. Para tentar liberar o dinheiro, ele acionou o advogado Amaury Perez, que também defendeu o doleiro até segunda-feira passada, quando foi preso em São José do Rio Preto (SP).

A partir da apreensão dos dólares no Rio, a PF passou a investigar a casa de câmbio Cruzeiro.

"O Amaury Perez era advogado do Leonardo e do Benzecry. A casa Cruzeiro lavava o dinheiro da organização. Era esquentado muito dinheiro com o envio para o exterior. Esse dinheiro depois voltava para o Brasil legalizado", diz o superintendente da PF no Pará, Geraldo Araújo.

Cheques
Em novembro de 2000, pouco antes de a Cruzeiro fechar, policiais federais apreenderam documentos e cheques no local. Aí veio a surpresa: seis dos cheques apreendidos, no total de R$ 2,47 milhões, eram da Sudam. Os cheques serviram como prova em uma denúncia da Procuradoria da República contra o ex-senador e deputado eleito Jader Barbalho (PMDB-PA).

Os cheques estavam em um envelope destinado a Antônio José Costa de Freitas Guimarães, descrito na denúncia como ""principal assessor de Jader".

Benzecry não foi localizado pela reportagem no Rio de Janeiro, para onde se mudou há cerca de dois anos. O advogado dele, Amaury Perez, em entrevista à Agência Folha em agosto passado, negou as acusações de que o doleiro estivesse envolvido em operações ilegais de remessa de dinheiro para o exterior. No escritório de Amaury Perez na última sexta-feira, ninguém foi encontrado para comentar o caso.

Em depoimento à Justiça Federal, em Belém, Jader classificou como "fantasiosa" a acusação de que teria remetidos cheques ao doleiro José Samuel Benzecry via Sedex.

Jader disse "estranhar" a acusação e declarou que a farsa contra ele foi "tão malfeita" que os valores dos cheques ultrapassam os valores liberados pela Sudam. O ex-senador também negou envolvimento com as acusações de desvio de verbas na Sudam. Na sexta-feira, Jader não foi localizado pela Agência Folha para falar novamente sobre o caso.
 

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