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17/12/2002 - 03h47

Prisão de quadrilha não prejudica Beira-Mar

da Folha de S.Paulo, no Rio
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Investigações da PF (Polícia Federal) e da Polícia Civil do Rio indicam que as prisões do traficante Leonardo Dias de Mendonça e de 23 integrantes de sua quadrilha pela Operação Diamante não desarticularam os negócios que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, mantém com guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Segundo o titular da Delepren (Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal no Rio), delegado Antônio Rayol, o traficante Sandro Mendonça do Nascimento, conhecido como Jorge Tadeu ou Bill, está na Colômbia a mando de Beira-Mar negociando a troca de armas por cocaína com as Farc.

O delegado informou que, além de Bill, outros dois brasileiros estão na Colômbia representando o traficante fluminense nas negociações com as Farc.

De acordo com o delegado Paulo Guimarães, da DAS (Divisão Anti-Sequestro) da Polícia Civil, Bill é o responsável pelo esquema chamado de Conexão Rocinha (favela da zona sul do Rio).

Os traficantes da Rocinha recebem a droga que vem da Colômbia e a redistribuem para comunidades controladas pelo CV (Comando Vermelho), da qual Beira-Mar é o principal atacadista. Segundo a polícia, a Rocinha é a favela mais rentável do comércio de drogas no Estado. O faturamento é de cerca de R$ 10 milhões por mês.

Propina
O deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE), investigado pela Polícia Federal por suposto envolvimento com a quadrilha de narcotraficantes liderada por Leonardo Dias de Mendonça, teria cobrado R$ 100 mil para auxiliar na concessão irregular de habeas corpus para o traficante, segundo suspeita da PF veiculada ontem no "Jornal Nacional" da Rede Globo.

A PF tenta comprovar elos entre decisões judiciais do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e uma rede de influências que seria protagonizada pelo deputado e pelo filho do desembargador federal Eustáquio da Silveira, Igor, em prol da quadrilha de Mendonça.

O "Jornal Nacional" divulgou ontem trechos de conversas que seriam entre Silvio Rodrigues, suposto integrante da quadrilha, preso na semana passada, e Mendonça, sobre o valor cobrado pelo deputado federal reeleito.

"O cabeça branca está na linha aqui, no celular, quer saber o dia", diz Rodrigues. "Ele passou o que que é?", pergunta Mendonça. "Passou e disse que precisa de "cem mil verdes", para você dar um jeito de arrumar", teria finalizado Rodrigues a Mendonça.

Segundo o "Jornal Nacional", "cabeça branca" é o apelido pelo qual os traficantes tratariam Pinheiro Landim. Em outra gravação, Rodrigues cita nominalmente o congressista.

"Se não fosse o Pinheiro Landim me defender, tava feio pro meu lado [sic]", teria dito Rodrigues, que concluiu: "Estou trabalhando para ele [Landim] agora".

Segundo a PF, o deputado atuaria orientando os traficantes e exercendo pressão sobre os magistrados. Desde 2000, Mendonça foi beneficiado com três habeas corpus, dois do TRF da 1ª Região e um do STJ. Os desembargadores federais Eustáquio Silveira e Fernando Tourinho Neto e o ministro Vicente Leal de Araújo são citados nas gravações feitas sob autorização judicial.

Outro lado
Os membros do TRF divulgaram nota na semana passada afirmando que agiram em conformidade com o que prevê a lei, nos casos de prisão preventiva.
Em sua nota, Silveira não avalia as suspeitas levantadas pela PF sobre seu filho Igor.

O deputado Pinheiro Landim tem sido procurado pela Folha desde o dia 10, sem responder a recados deixados em seu gabinete e no telefone celular. Em entrevista ao "Jornal Nacional" na terça-feira passada, ele negou envolvimento com Mendonça.

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