Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/12/2002 - 02h54

PF pede quebra de sigilo de acusados em venda de habeas corpus

IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Goiânia

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal pediram a quebra dos sigilos bancário e fiscal do deputado federal Pinheiro Landim (PMDB-CE), de dois desembargadores federais e do ministro Vicente Leal de Araújo, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), para rastrear supostos pagamentos de propina, feitos por traficantes em troca de habeas corpus.

Um relatório elaborado pela PF foi enviado para o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, a quem caberá decidir se o pedido de quebra de sigilo será levado ou não ao STF (Supremo Tribunal Federal).

A chamada Operação Diamante prendeu 24 pessoas na semana passada em oito Estados e no Distrito Federal.

O relatório da PF contém transcrições de diálogos entre o deputado e o traficante Leonardo Dias Mendonça, preso na ação da semana passada.

Segundo a Folha apurou, as investigações indicam que um habeas corpus do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região custaria US$ 150 mil -R$ 540 mil. No STJ, o preço atingiria "mais de R$ 1 milhão", de acordo com um dos integrantes da equipe de investigações.

Nas conversas, segundo a PF, há comentários sobre o valor do negócio e o titular da conta onde o dinheiro deveria ser depositado. Não há menção explícita de que o recurso paga as decisões judiciais, mas a polícia chegou a essa conclusão "pelo contexto", segundo a Folha apurou.

A PF começou a trabalhar no caso há quase três anos. A quadrilha chefiada por Leonardo Dias Mendonça atuaria trazendo cocaína da Colômbia, mediante acerto com a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). A cocaína era exportada via Suriname e Guiana ou distribuída.

Mendonça foi preso três vezes desde o início das investigações e por três vezes foi beneficiado com habeas corpus. Dois deles no TRF, e outro no STJ.

Intermediação
A PF suspeita que o contato dos traficantes era feito exclusivamente com Landim. Eustáquio Silveira, desembargador federal do TRF da 1ª Região, manteria diálogo direto com Landim, de acordo com a PF. Ainda segundo a polícia, o juiz federal Fernando Tourinho Neto, também do TRF da 1ª Região, conversaria com o filho de Silveira, Igor, também supostamente flagrado nas gravações de telefonemas.

Segundo divulgou a Folha no domingo, a rede de Mendonça incluiria mais de cem "laranjas", responsáveis pela lavagem do dinheiro da quadrilha.
Os titulares de algumas contas bancárias, que teriam recebido depósitos feitos por Mendonça para pagamento de habeas corpus, têm o mesmo sobrenome do deputado e moram em Fortaleza.

Devido a uma reunião interna do TRF da 1ª Região, para analisar envolvimento de seus membros, a Folha não conseguiu contato com os desembargadores Eustáquio Silveira e Fernando Tourinho Neto. O ministro Vicente Leal de Araújo, do STJ, foi procurado em seu gabinete, mas não ligou de volta. Na semana passada, os três divulgaram nota negando irregularidades na concessão de habeas corpus para Mendonça.

O deputado Pinheiro Landim não atendeu aos telefonemas da Folha para seu telefone celular. Os recados deixados pela reportagem no gabinete do deputado não foram respondidos.

Comissão
Por sorteio, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) indicou ontem os três ministros que vão integrar a comissão que investigará as denúncias contra o ministro Vicente Leal de Araújo.

Foram indicados Sálvio de Figueiredo, Ruy Rosado e Peçanha Martins. Não há prazo para a conclusão dos trabalhos.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página