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18/12/2002 - 21h44

Comandante da PM é preso acusado de exigir dinheiro de traficantes

MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

O comandante do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel) da PM (Polícia Militar) em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), tenente-coronel José Carlos Dias de Azevedo, foi preso hoje, com dois oficiais da unidade, sob a acusação de exigir de traficantes da Cidade de Deus o pagamento mensal de R$ 120 mil para não patrulhar a favela.

Os três tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz da Auditoria Militar do TJ (Tribunal de Justiça), Alcides da Fonseca Neto, que aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual. Os outros presos são o major Fábio Guttman e o capitão Wellington de Carvalho Medeiros.

O Ministério Público indiciou ainda o capitão Renato Botelho e o tenente Sandro Aguiar dos Santos. A Justiça não decretou a prisão deles por considerar que faltam "elementos suficientes" para a decisão.

O Getam é uma das tropas especializadas da PM fluminense. Os policiais da unidade atuam em policiamentos ostensivo e preventivo. A tropa age ainda em distúrbios de rua.

Os acusados não foram localizados pela Folha para falar sobre a acusação. Os nomes dos advogados não tinha sido revelados pela PM.

O esquema foi descoberto por meio de gravações, com autorização judicial, feitas pelo Serviço de Inteligência da PM nos telefones dos PMs.

As gravações ocorreram entre 13h40 e 14h30 de 29 de novembro. Segundo a denúncia, os policiais foram flagrados conversando com o presidente da Associação de Moradores da Cidade de Deus, Alexandre Rego de Lima, a quem teriam exigido os R$ 120 mil.

Ainda de acordo com a denúncia, os oficiais, se não recebessem o dinheiro, realizariam incursões diárias e violentas na favela. As ameaças estão registradas nas gravações. O dinheiro, segundo as investigações, não foi pago.

O corregedor da PM, coronel Jorge Horsae, disse que começou a investigar os policiais após receber a informação de uma pessoa da comunidade, cuja identidade está sendo preservada.

No despacho do juiz é informado que partiu do próprio presidente da Associação de Moradores a iniciativa de procurar a polícia para acusar os oficiais.

"Por mais que isso nos deixe transtornados, a prisão dos policiais é uma realidade e não podemos encobrir os fatos", disse Horsae.

O promotor Tiago Joffily, da 1ª Promotoria de Justiça da Auditoria Militar, disse que "a prisão preventiva se faz necessária para manter as normas e princípios de hierarquia e disciplina militares".

Segundo o promotor, a permanência dos oficiais em liberdade seria "um péssimo exemplo" para os comandados.

Os oficiais foram levados para o quartel do Comando de Policiamento do Interior, em Niterói (cidade a 15 km do Rio).

A Folha procurou o comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, para que comentasse as prisões. A assessoria da corporação informou que Braz estava com a governadora Benedita da Silva (PT) e não falaria sobre o assunto.

Outro caso
O caso de hoje foi o segundo, em menos de um mês, que resultou na prisão de PMs acusados de envolvimento com traficantes.

No fim de novembro, 19 policiais do 12º Batalhão (Niterói) foram presos após gravações telefônicas mostrarem que recebiam propinas e negociavam armas e drogas com o traficante Anderson de Oliveira Santana, o Anderson Negão.

Chefe do tráfico na favela Vila Ipiranga e membro da facção criminosa TC (Terceiro Comando), Negão foi preso na semana passada.


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