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03/08/2000 - 19h09

Secretário diz que trem que colidiu deveria ter calço

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FABIANE LEITE
da Folha Online

O secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, Cláudio de Senna Frederico, afirmou que o trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que se chocou com outra composição na sexta-feira (28), matando nove pessoas e ferindo outras 115, deveria ter um calço manual de madeira. O acidente ocorreu na estação de Perus, região noroeste de São Paulo.

No entanto, segundo o depoimento à polícia do maquinista da composição que perdeu o controle, Osvaldo Pierucci, o veículo não tinha calço manual e ele teve de procurar pedaços de madeira fora do trem para manter o veículo parado.

"Este calço deveria estar no trem. Existe procedimento para que tenha calço manual no trem", apontou Frederico, após reunião com o governador Mário Covas (PSDB) nesta tarde. Segundo ele, era necessário o calço principalmente porque o trem estava em posição íngreme e os freios de segurança não eram suficientes para "segurar" a composição.Ele não soube dizer, no entanto, se havia calço dentro do trem e disse que aguardará as investigações.

João Roberto Zaniboni, diretor de operação e manutenção da CPTM , afirmou nesta tarde, em entrevista coletiva, que os trens da companhia não contém calços que poderiam servir de freios para as composições em uma eventual emergência.

De acordo com ele, este tipo de equipamento tem de constar, obrigatoriamente, dentro dos trens, segundo norma adotada pela empresa em março deste ano. No entanto, quando perguntado se todos os trens da companhia contariam com tal recurso, Zaniboni foi categórico: "provavelmente não".

Pierucci, quando o trem parou por problema no sistema elétrico às 19h40, desceu da composição e colocou dois pedaços de madeira que encontrou na frente do veículo. O Centro de Controle da CPTM solicitou que Pierucci aguardasse uma composição que iria remover o trem. Enquanto o maquinista esperava, junto com seu ajudante, o trem voltou a se mexer. Pierucci voltou a descer da composição para procurar algo mais que pudesse "segurar" o trem. Mas o veículo saiu em grande velocidade, perdendo o controle. O ajudante havia voltado para o trem e acabou morrendo no acidente.

Maquinista

Frederico isentou o maquinista de culpa pelo acidente. Para ele, é mais provável que tenha havido uma falha de procedimento ou no equipamento do trem. "Os acidentes acabam sendo causados por motivos prosaicos, como esquecer muitas vezes de verificar se tem calço", afirmou. Ele disse que outras possíveis causas do acidente que vêm sendo apontadas, como a demora para a remoção do trem com problemas, são irrelevantes.

O secretário também afirmou que a linha noroeste da CPTM, onde ocorreu o acidente é uma das que menos recebeu investimento até o início do governo Covas. "Todas as linhas que vieram do governo federal (caso da linha noroeste) são as mais antigas, as que há mais tempo estão sem investimento antes do governo Covas."

Ele afirmou ainda que houve falha nos sistema de comunicação para o aviso sobre a possível colisão ao maquinista do outro trem, que estava parado na estação de Perus na mesma linha do veículo desgovernado. "Todas as comunicações falham. Quem tem celular sabe." O maquinista deste trem, José Fernando Pereira, disse à polícia não ter conseguido entender, via rádio, que havia um trem desgovernado em sua direção.

Demissão

Frederico negou que tenha sido cogitada a possibilidade de demitir o presidente da CPTM, Oliver Salles de Lima. O presidente afirmou que 20% dos 350 trens da companhia estão sem manutenção, o que irritou Covas e fez o governador ameaçar demitir o presidente nesta manhã. O secretário disse desconhecer esta informação mas, mais tarde, explicou que há demora para fazer manutenção porque muitas vezes isto implica em paralisar os trens, o que não pode ser feito com freqüência.

Segundo Frederico, na reunião não se falou sobre problemas de manutenção, mas apenas de investimentos. Covas pediu um levantamento sobre os valores repassados nos últimos governo à CPTM que ainda não está concluído. O governador quer comparar estes investimentos com aqueles feitos em sua administração.

O secretário informou que até o fim do ano ainda restam R$ 300 milhões para serem investidos na CPTM. Ele diz que pode divulgar amanhã um balanço de investimentos na companhia. Para terça-feira (8) ele promete já ter um parecer das causas mais prováveis do acidente.

Clique aqui para ler mais notícias sobre o acidente em Perus na Folha Online.

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