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03/01/2003 - 19h54

Briga entre presos deixa cinco feridos na rodovia Marechal Rondon

ALESSANDRA KORMANN
da Agência Folha

Um confronto envolvendo cerca de 600 presos que voltavam para penitenciárias do interior de São Paulo, após a saída temporária de final de ano, tumultuou ontem a rodovia Marechal Rondon, em Botucatu. Cinco presos ficaram feridos, dois deles gravemente. Os ônibus haviam sido fretados pelos próprios detentos, que haviam conseguido a licença por bom comportamento.

A confusão começou por volta das 15h, quando furou o pneu de um dos dois ônibus que estavam indo para Mirandópolis. Dois veículos pararam no acostamento da pista sentido capital-interior, no km 259, perto do trevo de acesso a Botucatu.

Doze ônibus que estavam vindo atrás, com destino às penitenciárias de Valparaíso e Bauru, encostaram logo à frente. Havia cerca de 40 presos em cada um, que obrigaram os motoristas a parar.

De acordo com o major José Luiz Rubin, comandante interino do 12º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior), esse grupo seria ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital, facção criminosa que atua nos presídios paulistas). Os cerca de cem presos que estavam nos dois ônibus que pararam primeiro não pertenceriam a nenhuma facção. O desentendimento entre eles teria começado em um posto da rodovia Castello Branco.

No confronto, que durou cerca de meia hora, os presos se agrediram com paus e pedras encontradas no local. Muitos estavam alcoolizados, segundo a polícia.

Alguns motoristas que passavam na estrada naquele momento chegaram a voltar na contramão, para evitar passar pela briga. Outros fizeram o retorno atravessando o canteiro que separa as duas pistas. De acordo com a Polícia Rodoviária, não foram registrados acidentes.

Cinco presos ficaram feridos em consequência do tumulto. Dois foram levados para o Hospital das Clínicas da Unesp em Botucatu, com ferimentos na cabeça. O hospital não deu informações sobre o estado deles.

"Foi igual a briga entre torcidas de futebol, o que é bastante comum. Mas, quando há jogo na região, já ficamos prevenidos", disse o tenente João Batista de Oliveira, comandante da Polícia Rodoviária de Botucatu.

Cerca de 50 homens das polícias Militar, Civil e Rodoviária foram para o local, o que acabou com a confusão. Não houve confronto com os policiais. Os presos retornaram aos ônibus e seguiram viagem, escoltados pela polícia.

Por volta das 16h, os 12 ônibus foram parados por um bloqueio com cerca de 80 policiais em Agudos. Na revista, foram encontradas pequenas porções de drogas e alguns estiletes.

Os presos Alberto Conceição de Lima e Jair Tenório, do Centro de Progressão Penitenciária de Valparaíso, estavam com manchas de sangue nos seus tênis e foram ouvidos no local. Eles negaram participação na briga. Seus tênis foram apreendidos para ser encaminhados à perícia.

"O confronto poderia ter tomado uma proporção muito maior, com carros de famílias transitando no local. Poderia ter sido montado um esquema de segurança, mas a polícia não foi comunicada", disse o delegado Lourenço Talamonte Neto, do 2º DP de Botucatu, que irá instaurar inquérito para apurar o caso.

A assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária informou que os diretores das penitenciárias estão procurando identificar os presos envolvidos no conflito, que irão regredir do regime semi-aberto para o fechado, perdendo o direito às saídas temporárias (cinco por ano). Eles podem também responder por lesão corporal e ter sua pena agravada.

Segundo a assessoria, não foi montado esquema de segurança porque, a partir do momento em que os presos saem, são considerados cidadãos livres. O horário de volta dos presos é determinado pela Justiça.
 

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