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06/08/2000
-
09h45
ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo
Os investimentos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) desde 1995 privilegiaram a segunda linha menos frequentada do sistema ferroviário em São Paulo, que atravessa bairros nobres como Brooklin, Cidade Jardim, Pinheiros e Cidade Universitária.
Enquanto a linha Sul (Osasco-Jurubatuba) ganhou recursos anuais de R$ 2,93 por passageiro, as outras cinco ligações da CPTM (Noroeste, Sudeste, Oeste, Leste Tronco e Leste Variante), que cortam a periferia da região metropolitana, receberam, no mesmo período, um terço desse valor: R$ 0,96 por passageiro.
Nos últimos cinco anos e meio, o Estado destinou R$ 383 milhões para troca de trilhos, construção de sete novas estações e modernização de trens com ar-condicionado e música ambiente que circulam na linha Sul, por onde passam 65 mil pessoas diariamente.
Todo o dinheiro investido nas demais, que transportam mais de 740 mil passageiros por dia (92% do total), foi de R$ 1,4 bilhão (77% do total).
Uma dessas linhas, a Noroeste, teve um acidente com dois trens no último dia 28, que deixou nove pessoas mortas e 105 feridas, na estação Perus.
"Qual é o referencial que você tem de trem nos últimos 30 anos? Ruim. Então, parece que a estratégia do governo foi a seguinte: vamos investir em um lugar que tenha visibilidade", afirma Ailton Brasiliense, diretor-executivo da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos).
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, admite que possa haver outras linhas mais carentes que a Sul. Ele afirma que haverá maior demanda após a conclusão da linha 5 do metrô (Capão Redondo-largo Treze), em 2002.
"Essa é uma linha que ainda não tem demanda. Pode ser importante no futuro, quando o metrô crescer. Do outro lado, temos linhas com demanda reprimida hoje", diz o economista da Unicamp Eduardo Fagnani, especialista em políticas sociais.
A linha Sul da CPTM foi uma das principais bandeiras de campanha na reeleição do governador Mário Covas (PSDB). Apesar de ter sido privilegiada nos gastos da companhia, ela era a que apresentava melhores condições, segundo Adriano Murgel Branco, ex-secretário estadual dos Transportes (governo Franco Montoro).
"A gente sabe que a linha Sul é melhor. Ela já passou por um processo de modernização no governo Montoro. Agora, está recebendo um segundo impulso, com novas estações. As outras linhas estavam em condições precárias."
A intenção do governo estadual é que essa linha seja administrada pelo Metrô, assim como a Leste. As outras devem continuar sob o comando da CPTM.
Apesar da concentração de investimentos, especialistas em transporte público ouvidos pela Folha avaliam como positiva a importância dada pelo atual governo ao sistema ferroviário.
Eduardo Fagnani cita um levantamento feito na Unicamp que mostrou que todas as linhas gerenciadas atualmente pela CPTM receberam apenas R$ 4,8 bilhões de 1970 a 1997. De 1995 para cá, os gastos passam de R$ 1,8 bilhão.
"O atual governo foi o que mais cuidou da CPTM. Mas a massa de problemas que a empresa herdou foi muito grande", afirma Adriano Murgel Branco, referindo-se ao fato de a companhia ter assumido, no início da década, linhas ferroviárias em péssimo estado da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), ligada ao governo federal.
"O que a gente pode discutir é se o ritmo de investimento poderia ser mais forte. Mas o caminho é por aí", afirma Ailton Brasiliense, da ANTP.
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Trem de Covas privilegia áreas nobres
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Os investimentos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) desde 1995 privilegiaram a segunda linha menos frequentada do sistema ferroviário em São Paulo, que atravessa bairros nobres como Brooklin, Cidade Jardim, Pinheiros e Cidade Universitária.
Enquanto a linha Sul (Osasco-Jurubatuba) ganhou recursos anuais de R$ 2,93 por passageiro, as outras cinco ligações da CPTM (Noroeste, Sudeste, Oeste, Leste Tronco e Leste Variante), que cortam a periferia da região metropolitana, receberam, no mesmo período, um terço desse valor: R$ 0,96 por passageiro.
Nos últimos cinco anos e meio, o Estado destinou R$ 383 milhões para troca de trilhos, construção de sete novas estações e modernização de trens com ar-condicionado e música ambiente que circulam na linha Sul, por onde passam 65 mil pessoas diariamente.
Todo o dinheiro investido nas demais, que transportam mais de 740 mil passageiros por dia (92% do total), foi de R$ 1,4 bilhão (77% do total).
Uma dessas linhas, a Noroeste, teve um acidente com dois trens no último dia 28, que deixou nove pessoas mortas e 105 feridas, na estação Perus.
"Qual é o referencial que você tem de trem nos últimos 30 anos? Ruim. Então, parece que a estratégia do governo foi a seguinte: vamos investir em um lugar que tenha visibilidade", afirma Ailton Brasiliense, diretor-executivo da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos).
O secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico, admite que possa haver outras linhas mais carentes que a Sul. Ele afirma que haverá maior demanda após a conclusão da linha 5 do metrô (Capão Redondo-largo Treze), em 2002.
"Essa é uma linha que ainda não tem demanda. Pode ser importante no futuro, quando o metrô crescer. Do outro lado, temos linhas com demanda reprimida hoje", diz o economista da Unicamp Eduardo Fagnani, especialista em políticas sociais.
A linha Sul da CPTM foi uma das principais bandeiras de campanha na reeleição do governador Mário Covas (PSDB). Apesar de ter sido privilegiada nos gastos da companhia, ela era a que apresentava melhores condições, segundo Adriano Murgel Branco, ex-secretário estadual dos Transportes (governo Franco Montoro).
"A gente sabe que a linha Sul é melhor. Ela já passou por um processo de modernização no governo Montoro. Agora, está recebendo um segundo impulso, com novas estações. As outras linhas estavam em condições precárias."
A intenção do governo estadual é que essa linha seja administrada pelo Metrô, assim como a Leste. As outras devem continuar sob o comando da CPTM.
Apesar da concentração de investimentos, especialistas em transporte público ouvidos pela Folha avaliam como positiva a importância dada pelo atual governo ao sistema ferroviário.
Eduardo Fagnani cita um levantamento feito na Unicamp que mostrou que todas as linhas gerenciadas atualmente pela CPTM receberam apenas R$ 4,8 bilhões de 1970 a 1997. De 1995 para cá, os gastos passam de R$ 1,8 bilhão.
"O atual governo foi o que mais cuidou da CPTM. Mas a massa de problemas que a empresa herdou foi muito grande", afirma Adriano Murgel Branco, referindo-se ao fato de a companhia ter assumido, no início da década, linhas ferroviárias em péssimo estado da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), ligada ao governo federal.
"O que a gente pode discutir é se o ritmo de investimento poderia ser mais forte. Mas o caminho é por aí", afirma Ailton Brasiliense, da ANTP.
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