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19/01/2003
-
03h36
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
A Argentina é um exemplo clássico da estratégia da indústria de cigarros para cooptar os governos latino-americanos, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde. Em 1992, o governo do então presidente Carlos Menem (1989-1999) vetou um projeto criado pelo ministro da Saúde da época, Aldo Neri.
A Lei Neri, entre outras coisas, proibiria o fumo em ambientes fechados e toda a publicidade de cigarros. Assim que o projeto foi aprovado no Senado, um executivo da Nobleza-Piccardo, filial argentina da BAT (British American Tobacco) informou à matriz que o próximo passo da empresa seria tentar um veto presidencial. "O projeto contava com amplo apoio legislativo e também social. A Argentina tem um problema sério de jovens fumantes e, na época, todos apoiamos a iniciativa", diz Víctor Abramovich, do Cels (Centro de Estudos Legais e Sociais), uma ONG (organização não-governamental) ligada à área de saúde pública. "O veto era incompreensível", completa.
Ainda segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o veto seria resultado direto da influência do médico Carlos Benjamín Alvarez, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Católica e dono de uma clínica cardiológica, que teria acesso direto a Menem.
Alvarez é um cardiologista conhecido na Argentina. São seus pacientes o jogador de futebol Diego Maradona e o irmão de Menem, o senador Eduardo Menem. O médico teria usado a proximidade e a amizade com o presidente para influenciá-lo na decisão de vetar a lei.
De acordo com estudo apresentado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (EUA), ele teria recebido pelo menos US$ 50 mil por serviços de consultoria prestados à indústria.
"Pedimos explicações, fizemos uma denúncia aqui quando soubemos do relatório. Mas a regra geral foi manter o silêncio", diz Víctor Abramovich.
A Folha entrou em contato, durante toda a semana passada, com as assessorias de Menem, de Alvarez e do Ministério da Saúde argentino. Nenhum assessor se manifestou sobre o caso.
Menem barrou projeto argentino antitabagista
MARCELO BILLIda Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
A Argentina é um exemplo clássico da estratégia da indústria de cigarros para cooptar os governos latino-americanos, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde. Em 1992, o governo do então presidente Carlos Menem (1989-1999) vetou um projeto criado pelo ministro da Saúde da época, Aldo Neri.
A Lei Neri, entre outras coisas, proibiria o fumo em ambientes fechados e toda a publicidade de cigarros. Assim que o projeto foi aprovado no Senado, um executivo da Nobleza-Piccardo, filial argentina da BAT (British American Tobacco) informou à matriz que o próximo passo da empresa seria tentar um veto presidencial. "O projeto contava com amplo apoio legislativo e também social. A Argentina tem um problema sério de jovens fumantes e, na época, todos apoiamos a iniciativa", diz Víctor Abramovich, do Cels (Centro de Estudos Legais e Sociais), uma ONG (organização não-governamental) ligada à área de saúde pública. "O veto era incompreensível", completa.
Ainda segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o veto seria resultado direto da influência do médico Carlos Benjamín Alvarez, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Católica e dono de uma clínica cardiológica, que teria acesso direto a Menem.
Alvarez é um cardiologista conhecido na Argentina. São seus pacientes o jogador de futebol Diego Maradona e o irmão de Menem, o senador Eduardo Menem. O médico teria usado a proximidade e a amizade com o presidente para influenciá-lo na decisão de vetar a lei.
De acordo com estudo apresentado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (EUA), ele teria recebido pelo menos US$ 50 mil por serviços de consultoria prestados à indústria.
"Pedimos explicações, fizemos uma denúncia aqui quando soubemos do relatório. Mas a regra geral foi manter o silêncio", diz Víctor Abramovich.
A Folha entrou em contato, durante toda a semana passada, com as assessorias de Menem, de Alvarez e do Ministério da Saúde argentino. Nenhum assessor se manifestou sobre o caso.
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