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Moradores reivindicam providências para área alagada da zona leste de São Paulo
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da Agência Brasil
A chuva fina que começou no fim da tarde dessa segunda-feira (18) em São Paulo deixou Maria Elza de Alcântara apreensiva. Ela diz que sempre que o céu escurece e os trovões começam, sente pânico e ao mesmo tempo revolta. "A gente tem um governo que parece que não está olhando para a qualidade de vida".
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Quando chega o temporal, Maria Elza já está preparada para a volta das inundações. "As coisas da gente já estão levantadas dentro de casa". Maria é uma das moradoras do Jardim Romano, bairro da zona leste da cidade de São Paulo que está alagado desde o dia 8 de dezembro.
Uma equipe da prefeitura bombeia água das ruas durante 24 horas, o que possibilita períodos de calçadas secas. Mesmo nesses momentos, o cheiro de esgoto permanece no ar. O odor vem da lama verde que cobre o asfalto e dos bueiros que nunca param de jorrar uma água escura e contaminada. Basta chover para que a enchente volte. Segundo a prefeitura, o nível do rio Tietê está acima da região, que é uma área de várzea.
O plano da administração municipal é desapropriar as casas para construir um parque que deverá ajudar a prevenir novas enchentes. Ao todo, 232 residências já foram demolidas. Os moradores, entretanto, hesitam em aceitar as duas opções oferecidas pelo governo: o auxílio-aluguel ou um apartamento da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). Até agora, os agentes que trabalham na região cadastraram 3.206 famílias. Dessas, 955 optaram pelo aluguel social e 280 foram transferidas para conjuntos habitacionais em Itaquaquecetuba, município vizinho do bairro.
Os moradores reclamam da localização das unidades oferecidas. "Os prediozinhos que eles ofereceram lá em Itaquá [Itaquaquecetuba] ninguém quer porque é no meio do mato. A gente tem filho que estuda. A gente trabalha. Condução lá é mais cara", afirmou Maria do Carmo da Luz enquanto retirava lama da frente da sua loja de doces.
Os R$ 2.000 oferecidos como aluguel social para seis meses, incluídos R$ 200 a título de mudança, Maria do Carmo acha insuficientes. "Anda por aqui e vê se você acha algum aluguel. Aqui não acha mais. E outra que R$ 300 de aluguel não dá", diz.
Permanecendo em suas casas, os moradores ficam expostos a doenças, além de ter os objetos pessoais destruídos pela invasão das águas. "O meu irmão pegou leptospirose e passou uma semana ruim. Febre alta, pressão descontrolou", conta José Edilson Oliveira. Ele relata ainda que sua mãe, que mora na casa ao lado, perdeu grande parte da mobília na enchente de dezembro.
Mesmo assim, Edilson se recusa a deixar o local e questiona as justificativas do governo para que abandone a casa, onde vive há 17 anos. "Se é área de risco, por que construíram o CEU [Centro Educacional Unificado] também?", pergunta, referindo-se à escola do outro lado da rua. "Para que construir esse monte de prédio?" aponta para o condomínio em frente. "Quer dizer que é área de risco só para nós aqui? Se é área de risco é para todo mundo", completa. De acordo com a prefeitura, o centro educacional ou o condomínio não serão removidos.
O lado emocional também ajuda a prender as pessoas ao local. "Começar tudo de novo não é fácil. Eu criei meus filhos aqui", ressaltou Maria Elza.
Para fornecer o mínimo de condições a essas pessoas que relutam em deixar suas residências, a prefeitura disponibiliza 30 caminhões e 180 homens. O objetivo é remover do bairro 30 toneladas de entulho por dia. Além disso, ficam de plantão equipes do Corpo de Bombeiros, da Guarda Civil Metropolitana e agentes de saúde.
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