Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/02/2003 - 22h46

Policiais negam autoria do tiro que matou menino em favela do Rio

TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Os policiais civis suspeitos de terem matado Nicolau Yan dos Santos Xavier, 3, afirmaram nesta quarta-feira em depoimento que a bala perdida que atingiu o menino pode ter partido de ocupantes de um carro preto que atiraram contra eles na favela Tancredo Neves (zona norte do Rio).

Nicolau morreu na noite de segunda-feira na favela ao ser atingido por uma bala perdida supostamente disparada por policiais civis. Ele foi atingido quando saia de casa para comprar balas com a irmã mais velha, Jéssica, 13.

Os policiais são lotados na DRFA (Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis). Segundo o delegado titular da DRFA, Ricardo Hallak, os suspeitos alegaram que apenas revidaram aos tiros. "As declarações que prestaram a mim é que eles foram vítimas de disparos por ocupantes de um carro preto e por isso revidaram", disse Hallak. Os quatro policiais estão sendo investigados pela Corregedoria da Polícia Civil.

No enterro de Nicolau hoje, no cemitério de Inhaúma (zona norte do Rio), a versão da polícia foi contestada pelos moradores da favela. Eles afirmam que não houve troca de tiros e que apenas a polícia fez disparos.

Além de flores, balas e doces foram colocadas no caixão do menino. Cerca de 100 pessoas compareceram ao sepultamento, entre elas várias crianças.

"Ele é meu primo e tenho muito carinho e amor por ele. Ele gostava muito de bala e quando morreu, na mão dele, que estava fechada, estavam as balas que ele comprou", disse Luiz Fernando dos Santos Braga, 8, ao explicar porque foram colocadas balas no caixão.

Inconformada e chorando muito, a mãe de Nicolau Yan, Jane Tito dos Santos, 32, afirmou que vai "até o fim para descobrir os responsáveis" pela morte do menino.

"Era uma criança de 3 anos. A polícia não tem como falar que era vapor ou fogueteiro [cargos ocupados por jovens que trabalham para o tráfico de drogas]", disse Jane, que desmaiou ao ver o caixão descer com o corpo do menino.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página