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13/02/2003 - 08h54

Campinas (SP) terá R$ 19 milhões contra a fome

da Folha Campinas

A Prefeitura de Campinas (95 km a noroeste de SP) lançou ontem o programa "Campinas pelo Fome Zero", que prevê um investimento para este ano de pelo menos R$ 19 milhões na tentativa de erradicação da fome e da miséria na cidade.

Dos 27 programas elencados para receber uma fatia desse investimento, apenas dez são projetos recentes.

É o caso do Banco de Alimentos, Restaurantes Populares, do Banco do Povo, das Hortas Comunitárias e o Selo de Qualidade para Restaurantes.

Alguns dos programas previstos no Orçamento 2003, e que constam do quadro geral de investimentos municipais no Fome Zero, datam de 96, como o Pró-Rendas (Programa de Incentivo ao Aumento de Renda das Famílias Pobres).

Outros são idéias já implementadas no país pelo governo federal, como o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e o Bolsa-Escola.

O balanço dessas ações foi apresentado ontem ao ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, ao diretor-geral da FAO, braço da ONU (Organizações das Nações Unidas) para a segurança alimentar e agricultura, Jacques Diouf, e a outros quatro representantes da organização.

A comitiva esteve em Campinas para conhecer, principalmente, o programa de merenda escolar, iniciado em julho de 2002, o Selo de Qualidade, que começou a funcionar em setembro do ano passado, e o Banco de Alimentos, que deve começar a funcionar no próximo mês.

Segundo o ministro, que é campineiro e um dos mentores da versão local do Fome Zero, as propostas de Campinas são equivalentes àquelas que o governo federal pretende incentivar, mas já estão em fase adiantada.

"Aqui [em Campinas], ninguém está esperando ajuda para mostrar ações concretas do programa", afirmou Graziano.

Para o ministro, "se Campinas não conseguir acabar com a fome, ninguém mais consegue".

Diouf afirmou que a FAO está disposta a ajudar o governo federal a cumprir sua meta, dando auxílio técnico e até financeiro. A forma como esse auxílio e esse dinheiro poderão chegar ao município ainda não foi definida. "Vai depender da prefeita [Izalene Tiene, do PT]", declarou Diouf.

De acordo com Andrew McMillan, que chefia uma missão da ONU, do Banco Mundial e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para o Fome Zero, as prioridades vão depender do governo local.

Durante a apresentação do programa, a prefeitura lançou um telefone 0800, que vai fornecer informações sobre o Fome Zero, e uma conta bancária, para receber doações.

Inclusão social

A explicação para a inclusão de programas antigos no total de investimentos é a de que o Fome Zero não se restringe apenas ao combate à fome, mas, busca medidas de inclusão social.

"Quase 150 mil pessoas vivem em submoradias ou em áreas de risco em Campinas ou estão sem emprego. Essas pessoas também precisam ser inseridas na sociedade", declarou Izalene Tiene.

De acordo com a prefeita, entre as políticas de combate à fome discutidas anteontem em Brasília (DF), com outros prefeitos do país, foram destacados o controle social, a reforma agrária e o controle dos investimentos públicos.

"Precisamos incluir todos e todas em uma nova forma de viver em sociedade. Isso passa pela partilha. O alimento é a principal partilha", afirmou Izalene.

Durante o encontro de ontem, Izalene prometeu que, até o final de 2004, ninguém em Campinas passará fome.

Segundo estudo da Faculdade Getúlio Vargas, a cidade tem pelo menos 47 mil pessoas vivendo abaixo da linha da miséria.

A prefeita anunciou que já tem viagem marcada para Roma (Itália) no final de março, onde pretende se encontrar com representantes da FAO e apresentar projetos de combate à fome.

Conforme o coordenador-geral do programa Fome Zero em Campinas, Marcos Martins, uma avaliação mais global do total de recursos necessários para o combate à fome só será feita em junho deste ano, quando estarão funcionando o Banco de Alimentos e o Restaurante Popular. "Estamos fazendo um cadastro único, que vai nos dar a real dimensão das pessoas de baixa renda de Campinas", disse Martins.
 

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