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16/02/2003 - 05h08

Em São Paulo, programa ensina jovem a beber

da Folha de S.Paulo

Beber, os adolescentes vão beber sempre. O importante é ajudá-los a não perder aulas, a não se envolver em violência, a não dirigir embriagados, a não transar sem camisinha. Se possível, fazer com que não caiam sobre seus próprios vômitos no banheiro.

São lições que, por envolverem segurança e saúde dos adolescentes, deveriam constar do currículo das escolas e universidades.

De forma simples, esse é o conceito de redução de danos aplicado ao álcool, idéia ainda polêmica que vem se espalhando no mundo e que no ano passado mereceu o 1º encontro internacional, justamente no Brasil. A prática teve início com usuários de drogas injetáveis, quando se descobriu que dar a eles seringas novas não os tirava da dependência, mas evitava que morressem de Aids.

"Uma vez que o beber está presente na sociedade, é melhor que se comece a ensiná-lo na escola", afirma Florence Kerr-Corrêa, titular de psiquiatria da Unesp (Universidade Estadual Paulista). A professora coordena um programa inédito com estudantes do campus de Botucatu que bebem em excesso.

Seu trabalho tem parceria com o professor Alan Marlatt, psicólogo clínico e diretor do Centro de Estudos do Comportamento Aditivo da Universidade de Washington (Seattle, EUA), onde iniciou e vem colocando em prática suas idéias sobre redução de danos.

Ensinar a beber na escola pode fazer pensar em drinques na hora do recreio. Nada disso, lembram esses especialistas. Trata-se de ensinar que não se deve beber de estômago vazio, que se deve beber aos poucos, sempre misturando líquidos, que se deve evitar a mistura de bebidas e que os destilados devem ser evitados.

O consumo de três drinques já aumenta o risco na direção, e quatro ou cinco, tomados em minutos, podem levar a acidentes graves e à perda da carta de motorista. Antes de tudo, o "curso" dirá que, podendo ficar sem beber, não beba.

O sucesso da estratégia de redução de danos é que ela não implica, necessariamente, parar de beber. Ela é destinada especialmente a jovens que não bebem todos os dias, mas que se embriagam a ponto de perder o controle pelo menos uma vez por semana.

"Os excessos acontecem principalmente nas chamadas "bocas-livres", nas festas de calouros, e nas noites "dos colegiais", comuns em cidades do interior", diz Florence Kerr-Corrêa. Trabalho semelhante está sendo iniciado na USP e na Unicamp.
(FABIANE LEITE E AURELIANO BIANCARELLI)
 

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