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Cidades "reciclam" fantasias de escolas de samba de Rio e São Paulo
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RODRIGO VIZEU
da Agência Folha
Fantasias e alegorias que brilharam na Sapucaí ou no Anhembi não precisam mais virar lixo na Quarta-Feira de Cinzas. Cidades sem a mesma tradição carnavalesca --e a verba-- das ligas de Rio e São Paulo costumam "importar" peças dos desfiles anteriores de escolas de samba das duas capitais.
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Em Porto Alegre, a escola Embaixadores do Ritmo vai aproveitar as fantasias do desfile de 15 anos da paulistana Império da Casa Verde para comemorar o próprio aniversário de seis décadas. Foram compradas 800 fantasias. No mercado de reaproveitamento de carnavais passados, uma peça de R$ 500 costuma sair por até R$ 70.
"Em razão da qualidade do carnaval de São Paulo, é muito mais interessante reproduzir (o enredo) e recondicionar as fantasias", afirma o diretor Gustavo Giró.
A escola gaúcha já foi cliente por dois anos da Águia de Ouro, também de São Paulo. Segundo Armando Guerra Júnior, mestre de baterias da agremiação paulistana, é natural a escola compradora criar enredos semelhantes. "Em 2009, eles (Embaixadores) praticamente repetiram nosso enredo de 2008 sobre os cinco sentidos através do sorvete", conta.
As escolas tradicionais do Rio, como Beija-Flor e Mangueira, também vendem peças usadas. A Beija-Flor, que às vezes comercializa alas inteiras, repassou alegorias do ano passado para a Canto da Alvorada, do grupo especial do Carnaval de Belo Horizonte.
Críticas
A diretora da escola mineira, Maria Elisa Abreu, reclama que haja críticas de outras agremiações da cidade à prática de reutilização de material. "As pessoas acham que a gente não muda nada, mas temos o trabalho de reformar tudo", afirma.
Ela nega que o material reciclado influencie na decisão do enredo da escola. Segundo Abreu, quando sua escola comprou alegorias da agremiação do Rio, a Canto da Alvorada já havia decidido o enredo local, sobre a mitologia em torno do número sete. Já a Beija-Flor desfilou exaltando o banho.
Até escolas pequenas do eixo Rio-SP "exportam" material. Peças de 2009 da Combinados de Sapopemba, da "terceira divisão" paulistana, vão servir ao Carnaval de Botucatu (229 km de SP). Segundo a secretária de Turismo, Priscila Ribas, a depender das condições das fantasias, nem serão feitos retoques.
O material usado acaba até em lugares sem relação com a folia: bonecos de chumbo do carro abre-alas da paulistana Rosas de Ouro serviram de decoração natalina em Nova Friburgo, no interior do Rio. Já a Beija-Flor vendeu alegorias e fantasias ao parque temático Beto Carrero World, em Santa Catarina.
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