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20/02/2003
-
10h14
da Folha de S.Paulo, em Campinas
O prefeito de Paulínia (126 km de SP), Edson Moura (PMDB), decretou ontem estado de calamidade no bairro Recanto dos Pássaros, contaminado pela Shell Brasil S.A., e determinou a remoção imediata dos moradores e o isolamento da área prejudicada pela chuva, que atingiu a região na segunda-feira.
A prefeitura alegou que a chuva gerou uma lama, proveniente da terra contaminada com organoclorados, que invadiu as residências. "O alagamento do bairro potencializou os riscos à saúde da população", afirmou o secretário de Saúde, Almério Aguiar Melo Filho, no auto de isolamento.
O toxicologista Igor Wassilief, contratado pela prefeitura, afirmou que a lama oferece o mesmo risco de contaminação que a terra do local. Ele afirmou que vai propor uma nova bateria de exames para as pessoas que tiveram contato com a água e com a lama.
O decreto obrigou a Shell Brasil a concluir a negociação com as oito famílias de caseiros que permaneciam no bairro, um ano e dois meses após decisão judicial determinando que a multinacional removesse todos os moradores.
Trinta e duas das 68 pessoas que ainda viviam no bairro foram levadas para um ginásio de esportes e, depois, hospedadas em um hotel pago pela administração.
Mesmo com a determinação da prefeitura, ainda há quatro famílias no local, das quais três afirmam não querer deixar o bairro.
A administração informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não descartar a hipótese de a remoção dessas pessoas ser feita por meio de força judicial.
Com a chuva, o bairro ficou ilhado e a remoção das famílias precisou ser feita de barco pela Defesa Civil, com a ajuda do Corpo de Bombeiros.
A água atingiu uma altura de dois metros e alagou parte das 66 chácaras, impregnando paredes, móveis e roupas com a lama.
A Vigilância Sanitária coletou amostras do material para fazer análises. Ainda não há data para a divulgação do resultado.
"Perdi tudo. Não sei para onde ir. A enchente foi muito rápida e não deu tempo de salvar nada", disse a caseira Dionéia Câmara dos Santos, 47, que morava no bairro havia dez anos.
"Como não se sabe ainda que tipo de produto químico há naquela terra, misturada com a água da chuva, a prefeitura providenciou a remoção", declarou o diretor de Meio Ambiente de Paulínia, Vicente Paulo de Souza.
Após a remoção, as famílias se dirigiram para o Hotel Ibis, onde se hospedam funcionários da Shell, para pressionar um acordo de ressarcimento.
Elas ficaram acampadas em frente ao hotel até serem chamadas para negociar, segundo Souza, que também preside a associação dos moradores do bairro.
A multinacional, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que indenizará todos os caseiros e que o pagamento será concluído até a próxima segunda-feira.
Desde o início das negociações, no final de 2001, a empresa afirmou ter removido 18 famílias de caseiros e ter comprado 51 chácaras no bairro. Pelo plano de caseiros elaborado pela Shell, cada família tem direito a R$ 25 mil para a aquisição de uma moradia, uma ajuda de custo de R$ 3.000, além de R$ 500 para cada membro.
Já o valor das propriedades foi definido por meio da média de quatro avaliações imobiliárias encomendadas pela empresa.
"Precisou São Pedro mandar uma chuva para a Shell cumprir uma determinação judicial de mais de um ano", disse o advogado dos moradores, Waldir Tolentino de Freitas. Há quatro meses, o promotor do Meio Ambiente de Paulínia, Jorge Alberto Mamede Masseran, entrou com um pedido de "obrigação de fazer", no qual a Shell seria obrigada a remover todos os moradores em 30 dias.
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Shell diz que nunca interrompeu negociações
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Após 1 ano, morador é retirado de área contaminada em Paulínia
ANA PAULA MARGARIDOda Folha de S.Paulo, em Campinas
O prefeito de Paulínia (126 km de SP), Edson Moura (PMDB), decretou ontem estado de calamidade no bairro Recanto dos Pássaros, contaminado pela Shell Brasil S.A., e determinou a remoção imediata dos moradores e o isolamento da área prejudicada pela chuva, que atingiu a região na segunda-feira.
A prefeitura alegou que a chuva gerou uma lama, proveniente da terra contaminada com organoclorados, que invadiu as residências. "O alagamento do bairro potencializou os riscos à saúde da população", afirmou o secretário de Saúde, Almério Aguiar Melo Filho, no auto de isolamento.
O toxicologista Igor Wassilief, contratado pela prefeitura, afirmou que a lama oferece o mesmo risco de contaminação que a terra do local. Ele afirmou que vai propor uma nova bateria de exames para as pessoas que tiveram contato com a água e com a lama.
O decreto obrigou a Shell Brasil a concluir a negociação com as oito famílias de caseiros que permaneciam no bairro, um ano e dois meses após decisão judicial determinando que a multinacional removesse todos os moradores.
Trinta e duas das 68 pessoas que ainda viviam no bairro foram levadas para um ginásio de esportes e, depois, hospedadas em um hotel pago pela administração.
Mesmo com a determinação da prefeitura, ainda há quatro famílias no local, das quais três afirmam não querer deixar o bairro.
A administração informou, por meio de sua assessoria de imprensa, não descartar a hipótese de a remoção dessas pessoas ser feita por meio de força judicial.
Com a chuva, o bairro ficou ilhado e a remoção das famílias precisou ser feita de barco pela Defesa Civil, com a ajuda do Corpo de Bombeiros.
A água atingiu uma altura de dois metros e alagou parte das 66 chácaras, impregnando paredes, móveis e roupas com a lama.
A Vigilância Sanitária coletou amostras do material para fazer análises. Ainda não há data para a divulgação do resultado.
"Perdi tudo. Não sei para onde ir. A enchente foi muito rápida e não deu tempo de salvar nada", disse a caseira Dionéia Câmara dos Santos, 47, que morava no bairro havia dez anos.
"Como não se sabe ainda que tipo de produto químico há naquela terra, misturada com a água da chuva, a prefeitura providenciou a remoção", declarou o diretor de Meio Ambiente de Paulínia, Vicente Paulo de Souza.
Após a remoção, as famílias se dirigiram para o Hotel Ibis, onde se hospedam funcionários da Shell, para pressionar um acordo de ressarcimento.
Elas ficaram acampadas em frente ao hotel até serem chamadas para negociar, segundo Souza, que também preside a associação dos moradores do bairro.
A multinacional, informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que indenizará todos os caseiros e que o pagamento será concluído até a próxima segunda-feira.
Desde o início das negociações, no final de 2001, a empresa afirmou ter removido 18 famílias de caseiros e ter comprado 51 chácaras no bairro. Pelo plano de caseiros elaborado pela Shell, cada família tem direito a R$ 25 mil para a aquisição de uma moradia, uma ajuda de custo de R$ 3.000, além de R$ 500 para cada membro.
Já o valor das propriedades foi definido por meio da média de quatro avaliações imobiliárias encomendadas pela empresa.
"Precisou São Pedro mandar uma chuva para a Shell cumprir uma determinação judicial de mais de um ano", disse o advogado dos moradores, Waldir Tolentino de Freitas. Há quatro meses, o promotor do Meio Ambiente de Paulínia, Jorge Alberto Mamede Masseran, entrou com um pedido de "obrigação de fazer", no qual a Shell seria obrigada a remover todos os moradores em 30 dias.
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