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24/02/2003 - 20h58

Bloco Independente é eliminado do Carnaval após morte no Anhembi

LÍVIA MARRA
da Folha Online

Pela primeira vez em 30 anos de existência, a Uesp (União das Escolas de Samba Paulistanas) decidiu eliminar um bloco do Carnaval de São Paulo. A punição foi aplicada nesta segunda-feira contra o bloco Independente, que se envolveu em um confronto de torcidas organizadas neste final de semana, durante desfile no Sambódromo do Anhembi.

Segundo a presidente da Uesp, Edleia dos Santos, o artigo 16 do regulamento de blocos prevê a eliminação do Carnaval e a desfiliação da entidade do grupo que tiver comportamento inadequado ou praticar agressão moral ou física.

Integrantes da Independente _formada por torcedores do São Paulo_ são acusados de assassinar, na concentração do Anhembi, Ruy Luciano Nogueira, 25, que preparava um carro alegórico do bloco Pavilhão 9 _formado por torcedores do Corinthians.

São acusados também de um confronto ocorrido, horas depois, na escola Mancha Alviverde _ formada por torcedores do Palmeiras. Em novo tumulto, morreram o palmeirense Mauro Roberto Costa, 24, e Dhiógenes Ventura, 20, que seria torcedor do São Paulo.

"Pela Uesp, ela [Independente] não desfila mais", afirma Edleia Santos.

A eliminação da Independente foi decidida em assembléia extraordinária. Ficou estabelecida ainda a criação de uma Assembléia Permanente reunindo dirigentes das entidades filiadas.

De acordo com a Uesp, outras "eventuais medidas deverão ser tomadas por órgãos pertinentes ao assunto, conforme se comprometeu o Ministério Público, através do promotor Fernando Capez".

Capez esteve reunido com a diretoria da entidade na tarde desta segunda-feira, quando tornou pública a determinação de extinguir o Independente do Carnaval paulistano.

Os desfiles dos blocos do grupo especial da Uesp ocorriam, até o ano passado, na terça-feira de Carnaval. Foram antecipados neste ano.

Mais segurança

Segundo Edleia, uma reunião deverá ocorrer na próxima quarta-feira com representantes da Polícia Militar para discutir a segurança no sambódromo durante os desfiles da Uesp.

As dez escolas do Grupo 1-A desfilam no Anhembi no dia 3 de março. Os desfiles das campeãs da Uesp estão marcados para o dia 8.

Tiros

O início violento do Carnaval de São Paulo é consequência de brigas entre grupos rivais, envolvendo, principalmente, integrantes de torcidas organizadas.

Com armas escondidas em fantasias ou instrumentos musicais, integrantes do bloco Independente atacaram integrantes do bloco Pavilhão 9 na concentração do sambódromo, na noite de sábado, provocando a morte do carnavalesco Ruy Luciano Nogueira, 25, que preparava um carro alegórico do Pavilhão 9.

Após os desfiles, os ônibus que transportavam integrantes da Independentes foram escoltados pela Polícia Militar até certo trecho do trajeto. Na avenida Marquês de São Vicente, região da Barra Funda, zona oeste, os torcedores, aproveitando a ausência da polícia, seguiram até a escola Mancha Alviverde, onde ocorria uma festa. Um palmeirense e um são-paulino morreram.

O ex-presidente do conselho deliberativo da torcida Tricolor Independente Carlos André Amorosino Júnior, 28, o Sukita, foi preso acusado da morte do palmeirense. A polícia acredita que ele tenha sido também o autor dos disparos no Anhembi. Sukita negou o crime.

O procurador-geral de Justiça do Estado, Luiz Antonio Guimarães Marrey, designou nesta segunda-feira três promotores para acompanhar as investigações sobre as mortes.

O autônomo Cleiton Gonçalves da Silva, 26, foi assassinado a tiros na madrugada desta segunda-feira após sair do ensaio da escola de samba Unidos da Vila Maria, na zona norte de São Paulo. Silva teria se envolvido em uma briga durante o ensaio da escola de samba.

Em Diadema, na Grande São Paulo, uma mulher e uma criança de 8 anos morreram na noite deste domingo em um tiroteio durante o ensaio da escola de samba Unidos da Vila, no parque Sete de Setembro.

O tumulto foi causado por uma briga entre gangues rivais da região, segundo a polícia.

Segurança reforçada

A segurança será reforçada para os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, que ocorrem nesta sexta-feira (28) e sábado (1º de março) no Sambódromo do Anhembi.

O efetivo de segurança foi ampliado de 1.500 homens para 2.825, sendo 1.200 policiais militares (incluindo homens do grupo de elite e tropa de choque), 450 guardas municipais, 30 investigadores da Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista), 200 seguranças contratados pelo Anhembi e 945 seguranças contratados pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo.

Além disso, o esquema de segurança contará com revista seletiva (pela polícia) de ônibus que transportam os sambistas, fiscalização (pela Liga) dos carnavalescos ainda nas escolas de samba, filmagem dos sambistas na concentração e a presença de seguranças à paisana.

As medidas, reavaliadas após o confronto do último final de semana, foram divulgadas nesta segunda-feira, após reunião envolvendo o presidente do Anhembi, Celso Marcondes, o presidente da Liga, Robson de Oliveira, o secretário de Segurança Urbana, Benedito Mariano, o delegado da Deatur, Naief Saad, e o coordenador operacional da Polícia Militar, coronel Leopoldo Augusto Correa Filho.

Para o presidente do Anhembi, as medidas vão inibir atitudes de pessoas que "queiram fazer qualquer baderna".

Segundo o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Robson de Oliveira, "é hora de separar o joio do trigo".

"Não vou permitir que maculem nosso Carnaval", disse. Os incidentes do final de semana envolveram integrantes de escolas filiadas a Uesp.

O secretário da Segurança Urbana, Benedito Mariano, defende a instalação de uma força-tarefa _envolvendo Ministério Público e polícias Civil, Militar e Federal_ para discutir e investigar a estrutura das torcidas organizadas e identificar possíveis crimes.

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