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27/02/2003 - 21h26

Alckmin diz que aceitou Beira-Mar em SP por "solidariedade"

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LÍVIA MARRA
da Folha Online

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), classificou como um "ato de solidariedade" a transferência do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de Bangu (Rio) para Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo).

"Outros Estados já nos ajudaram em situações semelhantes. Quando houve a megarebelião do Carandiru e nós tivemos de tirar os líderes de organizações criminosas, o Estado do Rio Grande do Sul recebeu dez presos de São Paulo e nos ajudou. Agora, nós vamos ajudar o Rio de Janeiro", disse.

Beira-Mar foi transferido na madrugada desta quinta-feira. Ele ficará em São Paulo por 30 dias, "sem possibilidade de prorrogação", segundo o governo do Estado.

Beira-Mar, ligado à facção criminosa CV (Comando Vermelho), é apontado como um dos responsáveis pela onda de violência que atinge o Rio desde segunda-feira (24). Conversas telefônicas interceptadas pela polícia revelam que presos de Bangu ordenavam as ações a criminosos fora das cadeias. As ordens partiriam do CV.

A transferência de Beira-Mar foi decidida na noite desta quarta-feira após acordo entre o governo federal _por meio do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos_ e os governadores do Estado do Rio _Rosinha Garotinho (PSB)_ e de São Paulo.

"O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, nos ligou duas vezes, falando em nome do governo federal. Ele informou a gravidade da situação do Rio de Janeiro e a condição de emergência, pelo fato de o governo federal não ter penitenciária de segurança máxima. Nós explicamos a dificuldade de São Paulo e falamos que não tínhamos como receber em caráter definitivo, porque não é um preso paulista. Mas que se houvesse, por razão de emergência, uma necessidade por um período curto, que nós poderíamos receber", disse Alckmin.

A transferência de Beira-Mar causou polêmica. O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Rubens Approbato Machado, afirmou que a transferência do traficante é legal.

Presidente Bernardes

A penitenciária de Presidente Bernardes foi a primeira a contar com bloqueador de celular. É considerada a mais segura do país.

Os presos tem direito a somente uma hora e meia de banho de sol por dia _em grupos de cinco. Ficam em celas individuais, sem contato com outros presos ou visita íntima e não têm acesso à rádio ou televisão.

A unidade abriga presos considerados perigosos. Os principais líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) _como José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha_ estão detidos no local.

O sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, também está detido na penitenciária.

Os líderes de facções não se encontram, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária.

Violência no Rio

As ações criminosas que atingem o Rio resultaram em ônibus queimados, em supermercados atacados e no fechamento do comércio em alguns bairros.

A aposentada Aury Maria do Canto, 70, uma das vítimas da violência, morreu hoje no hospital Souza Aguiar. Ela estava internada desde a última segunda-feira, quando criminosos atearam fogo em um ônibus em Botafogo.

Para coibir as ações criminosas, atribuídas a traficantes, o governo do Estado deflagrou ontem a operação "Rio Seguro". Sete pessoas morreram em confrontos com a polícia entre ontem e hoje. Suspeitos são detidos.

Serão empregados na operação, de prazo final ainda não estabelecido, 23 mil homens da Polícia Militar, 5.000 da Polícia Civil e 4.500 servidores da Guarda Municipal.

O chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Álvaro Lins, disse ontem que a Polinter (Polícia Interestadual) gravou diálogos na segunda-feira em que o traficante Jorge Alexandre Cândido Maia, o Sombra, principal chefe em liberdade da facção criminosa CV (Comando Vermelho), combina com outros cúmplices, também soltos, algumas das ações violentas que ocorreram no Rio de Janeiro nos últimos três dias.

Uma outra gravação, feita pela Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil) com autorização judicial, flagrou conversas de detentos das penitenciárias Bangu 3 e 4 com traficantes em liberdade, em que transmitiam instruções para as ações violentas iniciadas na segunda-feira.

Nos diálogos, gravados na própria segunda-feira, os presos diziam que as ordens foram passadas por traficantes que estão em Bangu 1, como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, e Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel.

Com Folha de S.Paulo, no Rio


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