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04/03/2003 - 14h29

Rota de fuga em estradas agrava poluição, diz pesquisa

da Folha de S.Paulo, em Campinas

A utilização de rotas de fuga dos pedágios nas estradas tem provocado um aumento de emissão de poluentes nos trajetos, além de não trazer compensação financeira aos motoristas.

É o que aponta a pesquisa elaborada pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz), da USP (Universidade de São Paulo), de Piracicaba.

Foram analisados dois trajetos entre Campinas e Bauru: um privatizado, com sete pedágios e 565 quilômetros, e outro alternativo, com dois pedágios, e 545 quilômetros.

Uma das constatações feitas pela autora do estudo, a economista Daniela Bacchi Bartolomeu, 23, foi que no trajeto alternativo, apesar da quilometragem menor, um caminhão de carga emite 0,0063 toneladas a mais de gás carbônico que no trajeto normal. O valor equivale à queima de 8,7 litros de óleo diesel.

Ainda segundo o estudo, os custos que um motorista têm com os diferentes trajetos são equivalentes. No itinerário privatizado, o gasto estimado com pedágios no período pesquisado foi de R$ 90. Pela rota de fuga, o gasto normal com as praças seria de R$ 30. Nesse trecho, porém, é estimado um consumo de 8,7 litros de óleo diesel a mais do que no privatizado. Além de poluir mais, os litros de combustível necessários elevam o gasto para R$ 88,95.

A pesquisa foi feita no final de 2001, por meio de duas viagens em cada rota feita em caminhões similares, com a mesma quantidade de carga. Foram colocados computadores de bordo em cada veículo para medição da quilometragem, gasto com combustível e emissão de poluentes.

"Nos trechos alternativos há muitos buracos, as faixas são estreitas e há lentidão no trânsito. Por isso, o desgaste dos veículos na rota de fuga é maior. Aumentam os gastos com o combustível e a poluição também aumenta", afirmou Bartholomeu.

O trajeto privatizado avaliado pela Esalq é composto por três rodovias (Engenheiro João Batista Cabral Renno, Washington Luiz e Anhanguera) e passa por nove cidades. O trecho alternativo a ele passa por 15 municípios e quatro rodovias (Marechal Rondon, Geraldo de Barros, Luiz de Queiróz e Anhanguera).

Proposta

Com base na análise, a pesquisadora propõe acordos entre concessionárias e empresas para um desconto nos pedágios, visando principalmente a redução da poluição. Essa redução poderia chegar a até 18 mil toneladas de gás carbônico ao ano, segundo o estudo.

"Meu medo é que essa pesquisa fique vista como a favor dos pedágios. Não é isso. Ela só prova que as rotas de fuga não compensam para ninguém e que devem ser criadas alternativas", afirmou.

Caminhoneiros ouvidos pela Folha, em Campinas, afirmaram que usam sempre rotas de fuga, quando têm oportunidade, para tentar driblar o alto número de pedágios. "Há muito pedágio. Gasto cerca de R$ 300 com eles por semana. Isso é gasto demais para quem vive do transporte. Mas reconheço que às vezes a rota de fuga não compensa, pois o custo do óleo diesel está cada vez maior e se gasta mais nesses trajetos", disse Paulo Adair Ferreira Borges, 51.

Já o caminhoneiro catarinense Alírio da Silva, 50, disse ter ficado surpreso com o número de pedágios que encontrou nas estradas paulistas.

"É a primeira vez que venho para o Estado e achei um absurdo esses pedágios. Se souber de rodovias com menos praças de cobrança vou andar por elas."

Segundo a proposta da economista da Esalq, as concessionárias poderiam cadastrar caminhões. Aqueles transportadores autônomos, que levam um volume específico de carga, receberiam bônus nos pedágios.

O incentivo, segundo ela , traria também benefícios para cidades cortadas por rotas de fuga e que sofrem com o grande volume de caminhões que passam diariamente por suas ruas.

Um desses casos é Águas de São Pedro, que fica em meio a uma conhecida rota de fuga, alvo da pesquisa da Esalq.

Para o diretor de operações da AutoBAn, uma das concessionárias que tem trechos no trajeto pesquisado, Roberto Siriani, porém, não há uma intenção da empresa em trabalhar a proposta.

Ele afirmou, por meio de assessoria, que descontos como esses não são previstos por lei o que dependeriam de uma deliberação do governo estadual.
 

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