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10/03/2003 - 06h48

Jornada "trabalho-escola" prejudica estudo

da Folha de S.Paulo

A jornada "trabalho-escola" causa prejuízos no aproveitamento escolar e sinais precoces de perda de capacidade para o trabalho.

"A legislação não destaca que o trabalho pode causar danos", diz Vilma Santana, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, durante o congresso sobre saúde ocupacional realizado no mês passado.

Santana estuda os efeitos da dupla jornada em jovens de 10 a 21 anos de Salvador (BA).

Mais de 2.000 estudantes foram entrevistados. Os resultados preliminares mostram que a combinação, entre os garotos, está relacionada ao mau desempenho escolar. Eles não gostam de ir à escola e faltam às aulas. Já as garotas apontam problemas de saúde e sentimento de infelicidade.

"O governo Lula está criando um grupo que vai revisar a legislação trabalhista. É necessária a introdução de limites nas jornadas para determinadas faixas etárias", disse Jacinta de Fátima da Silva, da área técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 171 milhões de trabalhadores de 5 a 17 anos (metade das crianças e jovens economicamente ativos) estavam em situações de risco em 2000. Outros 8,4 milhões exerciam atividades de extremo risco.

"Somos escravas", disseram, entre sorrisos, as amigas Renata, 16, e Sara, 18, que trabalham em uma lanchonete do centro de São Paulo. "Trabalho oito horas por dia e vou à escola. Mas, quando chego lá, não vejo a hora de ir embora por causa do cansaço", diz Renata. "Estou sempre cansada, estressada. As costas doem."

Em uma pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP numa escola pública de São Paulo, jovens que estudavam à noite relatavam dores intensas nos braços, nas pernas e nas costas - sintomas clássicos do envelhecimento funcional que, em países em desenvolvimento, só são esperados a partir dos 35 anos de idade.

Foram avaliados 724 estudantes de 14 a 18 anos. As dores dos alunos do período noturno estavam relacionadas às poucas horas de sono, ao estresse psicológico, às más condições de ventilação no ambiente em que exerciam a atividade e ao uso de álcool -19% dos alunos da noite bebiam pelo menos uma vez por semana.
 

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