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18/03/2003 - 21h46

Juiz assassinado sabia que era "a bola da vez" de facções de SP

EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha, em Presidente Prudente

A Promotoria de Justiça de Presidente Prudente e familiares do juiz-corregedor Antonio José Machado Dias, 47, disseram nesta terça-feira que o magistrado, assassinado a tiros na última sexta-feira, já sabia que era "a bola da vez" de facções criminosas espalhadas pelos presídios do extremo oeste de São Paulo.

Em meados do ano passado, segundo seus familiares, uma blitz de rotina em um presídio da região encontrou um caderno com o seguinte dizer: "o senhor Machado [Dias] é a bola da vez".

No final de semana, policiais já haviam apreendido no gabinete do magistrado uma carta em que um preso o ameaçaria de morte. Os primeiros indícios, segundo fontes da polícia, são de que a carta teria partido do PCC (Primeiro Comando da Capital), a principal organização criminosa do Estado.

Além disso, o promotor de Justiça da cidade, Mário Coimbra, afirmou que as ameaças recebidas por Dias nos últimos meses [como a tentativa de bandidos de pular o muro de sua casa no mês passado] eram sua "grande preocupação".

Coimbra também assumiu que está na lista de autoridades ameaçadas apresentada ontem por promotores de São Paulo.

Apesar das ameaças, o juiz-corregedor dispensou a escolta da polícia na semana passada. "Pela função e pelo cargo que tinha, ele jamais poderia ter dispensado a escolta", disse à reportagem o segurança do fórum João Araújo, que nos últimos 13 anos acompanhava todos os dias o juiz assassinado de sua casa para o trabalho e vice-versa.

A Polícia Civil da cidade não comentou as informações. Desde o final de semana, a corporação adotou o silêncio. "Só posso dizer que as investigações estão avançando e o cerco [aos assassinos] está se fechando", disse o delegado seccional de Presidente Prudente, Arnaldo Vicente Gonino.

Ainda não há detidos ou a revelação do motivo do crime.

Insegurança

Familiares do juiz-corregedor cobraram nesta terça-feira a promessa do governo do Estado de manter policiais militares de prontidão em frente à casa do magistrado.

"Eles prometeram segurança 24 horas na porta de nossa casa, mas ninguém vê nenhuma viatura por aqui durante o dia ou à noite. Às vezes eles [os policiais] passam, mas logo vão embora", afirmou Geraldo Escher, 52, pai da segunda mulher do juiz, a também juíza Cristina Escher.

Escher disse que sua filha quer "viver a dor" da perda do marido. "Ela não aceita remédio, não quer ver médicos e também não se alimenta. Ela quer apenas viver a dor."

Ontem, por volta das 9h, Cristina saiu de sua casa sem ser vista e foi até o local do crime, onde se ajoelhou e chorou a morte do marido. "Ela só dorme de cansaço, tem chorado muito. Os familiares de São Paulo pediram para ela não falar mais sobre o caso, pois todos já estão sofrendo demais", disse o sogro do magistrado assassinado.
 

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