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20/03/2003 - 21h03

Testes descartam envolvimento de suspeitos em morte de juiz

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
da Folha Online

Um dia após divulgar a prisão de dois suspeitos de matar o juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antônio José Machado Dias, 47, a Polícia Civil praticamente descartou hoje o envolvimento dos dois homens presos em Campo Grande (MS) no crime.

"Está praticamente descartado. Nada está batendo. O único indicativo que tinha era a arma 9 mm, mas a que foi apreendida aqui é muito antiga. Vamos dizer: é uma arma da primeira guerra mundial", disse à reportagem o diretor-geral da Polícia Civil em Mato Grosso do Sul, Milton Watanabe Tocikazu, 52.

"No teste que foi feito com a arma, ela não estava com eficiência de 100%. Não estava atirando bem. Dá um tiro e trava", acrescentou Watanabe.

As prisões de Edmar dos Santos, 24, o Quirino, e João Carlos Careaga, 26, ocorreram no último domingo na região central de Campo Grande. Os policiais apreenderam um revólver calibre 38 e uma pistola Luger, fabricada em 1908. Os dois foram indiciados por porte ilegal de armas.

A polícia suspeitou de Santos, que disse ter cumprido pena por homicídio, e de Careaga devido à arma 9 mm, do mesmo calibre da usada para matar o juiz. Além disso, os dois suspeitos são parecidos com os retratos falados dos assassinos de Dias.

"É impressionante. Mantemos ainda a investigação em razão de serem muito parecidos com os retratos falados", afirmou Watanabe. Segundo ele, as impressões digitais dos suspeitos não batem com as colhidas no carro abandonado pelos assassinos do juiz.

O delegado Edi Ederaldo de Almeida, coordenador do Instituto de Criminalística, disse que foram realizados dois testes na arma. Um que mostra se a arma foi usada recentemente e outro para verificar a eficiência da pistola.

Apesar das verificações já feitas, o setor de Relações Públicas da DGPC (Diretoria Geral de Polícia Civil) informou que a arma deve ser enviada a Presidente Prudente para teste de balística, o qual comprovaria se as balas que atingiram o juiz partiram da arma apreendidas em Campo Grande.

Assassinato

O juiz foi assassinado por volta das 18h30 de sexta-feira, quando seu veículo, um Vectra, foi fechado por um Uno e um segundo carro a 300 metros do fórum de Presidente Prudente).

Dois homens estavam no Uno. O que estava no banco do passageiro disparou contra o juiz. O Vectra bateu contra uma árvore. O assassino desceu do veículo e atirou novamente. Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal), Dias foi morto por três tiros: um clavícula esquerda, um na testa e um no punho direito.

Um bilhete destinado ao líder da facção PCC (Primeiro Comando da Capital) Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola, na penitenciária de Avaré (262 km de SP) foi apreendido por agentes.

"A caminhada já foi feita. O machado já era. É o caminho do câncer", diz um trecho da carta que deveria ter chegado até Marcola. O bilhete estava assinado pelo preso Mangue, como é conhecido o "piloto" da facção em Avaré. A organização criminosa tem um líder em cada presídio, que é subordinado à cúpula da facção.

A carta foi interceptada por um agente quando era lançado de uma cela para outra, com a ajuda de uma linha. Em Avaré, os presos ficam em celas isoladas.

Policiais e promotores acreditam que a mensagem do bilhete refere-se à emboscada armada contra o juiz.

Dias era responsável por conceder ou negar benefícios aos presos da região de Presidente Prudente. Entre eles, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e líderes do PCC. Ele era considerado como um juiz sério e duro ao julgar pedidos dos presos.
 

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