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23/03/2003 - 10h07

Aprender a socorrer criança é fazer "seguro"

FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo

Aprender a dar o suporte básico de vida a uma criança em situação de emergência é como fazer um seguro, diz a pediatra Adriana Vada Ferreira, que já treinou pais, babás, professores.

Em 90% dos casos de parada cardíaca de crianças, a causa é secundária, diz a coordenadora da ressuscitação pediátrica do Conselho Nacional de Ressuscitação, Amélia Gorete Reis. Isto é, o problema não é do coração, mas foi causado por um processo respiratório ou por choque (o sangue oxigenado não chega aos tecidos, o que ocorre numa hemorragia, por exemplo).

Quando o coração de uma criança pára, portanto, muitas outras coisas ruins aconteceram. E por isso as chances de sobrevivência são muito pequenas _variam de 3% a 17% na maioria dos estudos. É preciso agir o mais rápido possível para evitar a parada cardíaca.

"Sem socorro adequado nos primeiros oito a dez minutos, nem toda a parafernália do socorro profissional [o do resgate] ajuda em alguns casos", diz a pediatra Ferreira, que trabalha no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. A conclusão, afirma, vem de estudos feitos fora do Brasil, por meio da reprodução de emergências pediátricas em animais.

As dicas do quadro ao lado não substituem o treinamento em suporte básico, que deve ser refeito de dois em dois anos. O ideal é realizar um curso, pois algumas manobras, se mal executadas, trazem risco. A posição de vítimas de traumas físicos, por exemplo, não deve ser alterada sem orientação profissional para que não haja risco de agravar lesões. O suporte básico de vida nesse caso deve ser feito sem movimentação da criança. Há ainda detalhes técnicos que garantem maior eficácia.

Segundo dados da Fundação Interamericana do Coração, a maioria das paradas cardíacas de crianças que acontecem fora do hospital ocorre em casa ou nas proximidades, quando elas estão sob supervisão dos pais ou da babá. A síndrome da morte súbita (mal sem causa definida que acomete crianças até um ano de idade), acidentes de carro, afogamentos, intoxicação, aspiração de um corpo estranho, asma grave e pneumonia são as causas mais comuns. No país, diz Reis, a principal causa de morte de um a 15 anos é o trauma, principalmente o causado por acidente de carro.

"Você espera que jamais aconteça, mas, se acontecer, tem um instrumento para agir", diz a bióloga Ana Luisa Vieira Pliopas, 40, que fez o curso de suporte básico de vida pediátrico pensando em seus filhos Marcelo, 7, e Elisa, 5.

Antes de fazer o curso, quando a família morava no México, Pliopas levou um susto. Marcelo perambulava pela casa com um pirulito de bola na boca. O doce soltou do palito e o menino sufocou.

"Meu marido veio e tirou. Ele trabalhou para o Exército e aprendeu essas coisas. Mas eu não saberia o que fazer."
 

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