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26/03/2003 - 19h42

Estudante morta no metrô do Rio é cremada; suspeito é apresentado

SABRINA PETRY
da Folha de S.Paulo, no Rio

O suposto autor do tiro que matou a estudante Gabriela do Prado Ribeiro, 14, na tarde de terça-feira, durante um assalto no metrô do Rio, foi preso hoje pela manhã num hospital da zona sul da cidade.

Gabriela ficou no meio do fogo cruzado entre o assaltante e policiais e acabou sendo vítima de uma bala perdida, quando chegava à estação São Francisco Xavier (zona norte), por volta das 15h30.

O corpo de Gabriela foi cremado hoje à tarde no cemitério São Francisco Xavier (zona norte), como era de sua vontade, segundo seus pais. Mais de cem pessoas, entre amigos e familiares, compareceram à cerimônia.

A troca de tiros na estação do metrô começou quando um policial de Brasília de folga no Rio, Renato Lemos Naiff, percebeu a movimentação de quatro assaltantes dentro de uma cabine de venda de passagens, tentou reagir e foi baleado por um dos criminosos, que levaram R$ 700.

A ação dos assaltantes e o momento em que Naiff é baleado foram registrados por câmeras do circuito interno do metrô.

De acordo com a polícia, logo em seguida, outro policial civil, Luiz Carlos Carvalho, viu Naiff baleado no chão e, ao esboçar uma reação, teria sido baleado por um dos assaltantes. Carvalho ainda atirou de volta, ferindo um dos criminosos.

A estudante estava logo atrás de Carvalho, num dos primeiros degraus que dão acesso à estação, e foi atingida por um tiro no peito. Gabriela foi socorrida e levada para o hospital do Andaraí (zona norte), mas morreu antes de ser atendida.

Os dois policiais continuam internados, mas passam bem. Dois dos assaltantes fugiram pela linha do trem, escapando em seguida por um poço de ventilação. Os outros dois fugiram pela entrada da estação.

O suspeito apresentado hoje pela polícia é Anderson de Souza Ribeiro, 22. Ele estava internado no hospital Miguel Couto, na Gávea, com um tiro no braço. Ribeiro foi apresentado a Carvalho e a um amigo do policial que estava com ele na hora da troca de tiros e ambos o reconheceram como o homem que atirou na direção dos dois e da estudante. O suspeito, que se identificou como motoboy, no entanto, negou a participação no crime.

Na cerimônia de cremação do corpo da adolescente, muitos amigos pintaram no braço a inscrição "Gabi", seu apelido. A estudante do primeiro ano do ensino médio que sonhava em ser veterinária era descrita como uma adolescente alegre e estudiosa.

A menina, no entanto, andava assustada com a violência da cidade. Há cerca de uma semana, ela foi vítima de um furto enquanto voltava para casa. Desde então, os amigos a acompanhavam até a porta de casa depois da saída da escola.

"Ela não costumava andar sozinha. Quando começou a tomar coragem, sofreu esse assalto. Não foi nada grave, mas serviu para que ela sentisse medo de andar por aí sem ninguém por perto. E agora aconteceu isso. Quanto é que vale uma vida hoje em dia?", questionou o amigo Tiago Pinto, 15.

Também com medo da violência, os pais de Gabriela, filha única, não gostavam que ela saísse sozinha de casa. "Ela acabou sendo vítima daquilo que nós queríamos protegê-la. Ela morreu por causa desse inferno que estamos vivendo. Até quando isso vai continuar? O que mais precisa acontecer para que algo de verdade seja feito?", questionou, indignada, a mãe da estudante, a psicóloga Cleide do Prado.
 

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