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27/03/2003 - 22h19

Polícia acha seis centrais telefônicas do PCC em Rio Claro

CLAUDIO LIZA JUNIOR
da Folha de S.Paulo, em Campinas

As polícias Civil e Militar de Rio Claro (175 km a noroeste de São Paulo) desmontaram nesta quinta-feira seis centrais telefônicas na cidade, que utilizavam 25 linhas telefônicas para realizar ligações entre presos das penitenciárias de Itirapina, Piracicaba e Araraquara. Conforme a polícia, as centrais serviam à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

O delegado seccional de Rio Claro, Joaquim Dias Alves, afirmou que a polícia vai apurar se essas centrais foram usadas pela facção para organizar um suposto plano de resgate na Penitenciária 2 de Itirapina. A ação vinha sendo organizada por uma quadrilha que teve quatro integrantes detidos no último dia 18.

As linhas foram descobertas nesta quarta-feira. As casas, a maioria de familiares de presos, ficam na periferia de Rio Claro.

Nas residências, foram apreendidas dezenas de contas telefônicas que, juntas, somam um valor de R$ 32 mil, segundo a PM.

"A tecnologia usada permitia que as linhas fizessem transferências sem o uso de aparelhos. Isso prova que essas facções estão investindo pesado em telecomunicações", afirmou o delegado.

De acordo com a polícia, as linhas clandestinas transferiam automaticamente ligações feitas por meio de celulares de um presídio para outro.

O número de linha fixa seria necessário para que o detento não ligasse diretamente para outro celular. Ele ligava a cobrar no número fixo, para não ter o seu número identificado, e depois tinha a ligação transferida para o celular de outro preso.
Para o promotor da Vara de Execuções Criminais de Campinas, Herbert Teixeira Mendes, a instalação de bloqueadores de celulares em presídios é uma das medidas prioritárias para se combater o crime organizado.

A ação foi realizada com mandados de busca e apreensão concedidos pela 1ª Vara Criminal de Rio Claro, com base em material de investigação levantado pelo serviço reservado da PM.

As buscas foram feitas por 15 policiais militares e investigadores da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes). As contas apreendidas foram recolhidas pela seccional, que irá rastrear os números das ligações para identificar os presos.

Conforme a Dise, apenas um morador das casas nas quais foram feitas as buscas foi detido, por porte ilegal de arma. A localização de linhas suspeitas não provaria que os proprietários delas são criminosos. O homem detido foi liberado após pagar fiança e vai responder o processo em liberdade.

Plano frustrado

Algumas das linhas clandestinas descobertas estavam em casas de pessoas de mesmo sobrenome de criminosos do PCC acusados de integraram um plano de resgate que aconteceria em Itirapina na semana passada.

O resgate aconteceria após atentados simultâneos em Analândia e Araraquara, cidades próximas a Rio Claro. O objetivo seria desviar a atenção da polícia para facilitar as ações de libertação de presos ligados ao PCC.

Três homens e uma mulher que faziam parte da quadrilha foram presos em Rio Claro no dia 18. O líder do grupo, também detido, seria o ex-detento da penitenciária de Araraquara Alcides Donadelli, 38, segundo a polícia.

"O Donadelli, ao que parece, foi 'plantado' em Rio Claro para organizar ações do PCC na região. Ele pode ser um dos responsáveis por esse esquema de comunicação", declarou o delegado seccional Dias Alves.

Segundo a polícia, Donadelli e os outros suspeitos detidos há uma semana _Milton Morales Palomino, 38, Wagner da Silva Postigo, 20, e Carla Alessandra Madalena, 21,_ negaram envolvimento com o PCC e o plano de resgate ao serem presos.

Após a prisão dos quatro suspeitos, o diretor da P2 de Itirapina, José Reinaldo da Silva, determinou a transferência de 53 detentos ligados ao PCC para outros presídios do Estado.

Parte deles pode ter usado as linhas clandestinas de Rio Claro para se comunicar com outros presos, segundo a polícia.

O coordenador dos presídios na região, João Batista Paschoal, afirmou que não havia sido informado sobre as centrais. De acordo com a polícia de Rio Claro, o inquérito sobre o caso não tem prazo para ser concluído. "O trabalho de rastreamento das ligações é complexo", disse Dias Alves.

 

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