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11/04/2003 - 17h25

Uruguai prende acusado de chefiar crime organizado no Brasil

da Folha Online
da Agência Folha, em Campo Grande

Apontado como chefe de uma organização criminosa do Mato Grosso, com ramificações no Paraná, São Paulo, Minas e Rio, João Arcanjo Ribeiro, 51, conhecido como "comendador", foi preso ontem em um bairro residencial de Montevidéu, no Uruguai. Ele estava foragido desde dezembro.

Segundo a PF (Polícia Federal), quatro mandados de prisão haviam sido expedidos contra Ribeiro. Ele é acusado de contrabando, formação de quadrilha, corrupção e sonegação fiscal. Teria envolvimento também em homicídios praticados por integrantes da quadrilha. Ribeiro ainda é suspeito de lavar dinheiro do tráfico de drogas.

Arcanjo estava na lista da Interpol e era procurador em 180 países. Além dele, a Polícia Nacional do Uruguai também prendeu sua mulher, Sílvia Chirata _sob acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro_, e um segurança do "comendador".

Delegados e agentes da PF estão no Uruguai para tratar da extradição do acusado.

A diretora do departamento de imprensa do Ministério do Interior, Alícia Lusit, disse que a extradição de Arcanjo para o Brasil depende de decisão da Justiça uruguaia e da documentação a ser apresentada.

Alícia informou que há um acordo de extradição ratificado em 1919 entre os dois países, e a Justiça tem o limite de 48 horas para decidir sobre o caso.

Ex-policial civil, Ribeiro é apontado pelo Ministério Público como o mandante do assassinato do proprietário do jornal "Folha do Estado", de Cuiabá (MT), Sávio Brandão de Lima Júnior, em setembro do ano passado.

À época, a "Folha do Estado" denunciava um esquema de exploração de caça-níqueis e outros negócios ilícitos atribuídos ao "comendador".

Em escutas telefônicas para investigar a quadrilha supostamente comandada por Ribeiro, a PF descobriu uma ligação do grupo com o advogado Erick Vidigal, filho de Edson Vidigal, vice-presidente do STJ, acusado de vender habeas corpus para traficantes.

A reportagem telefonou para quatro advogados que atuam ou atuavam na defesa do "comendador" João Arcanjo Ribeiro. Em nenhuma das tentativas a reportagem conseguiu obter informações sobre a defesa e alegações de Arcanjo, acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso e um esquema de lavagem de dinheiro.

Lavagem

O "comendador" e sua mulher são donos das offshores (empresas com sede virtual em paraíso fiscal) Lyman e Aveyron S.A. situadas em território uruguaio.

As duas recebiam, segundo a Polícia Federal, dinheiro de "atividades ilícitas" e garantiam com esses valores os empréstimos feitos por bancos no Uruguai às empresas de Arcanjo em Cuiabá.

Operações financeiras suspeitas no Uruguai, investigadas até agora, envolveram US$ 30 milhões.

A quantia teria sido usada na construção de um shopping em Rondonópolis (218 km ao sul de Cuiabá), na compra de um avião Cessna Citation X e de outros bens.

Arcanjo também possui negócios nos Estados Unidos. Em Orlando, na Flórida, é dono de 55% de um hotel avaliado em US$ 40 milhões. Há um mês, Arcanjo estava proibido de entrar nos EUA.
 

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