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11/08/2000 - 17h59

Rebelião na Febem de Franco da Rocha acaba após quase 18 horas

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ANTONIO GOIS
da Folha de S.Paulo

A rebelião na unidade da Febem em Franco da Rocha (Grande São Paulo) que começou na noite de quinta-feira só terminou às 17h de hoje após a intervenção de 70 policiais da tropa de choque.

Na rebelião, o menor V.L., 17, morreu. Ele foi assassinado por volta de 22h30 a golpes de estilete. Depois, seu corpo foi levado para o teto da unidade e queimado pelos menores.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, V.L. foi morto em um acerto de contas entre os internos. Quando foi internado, V.L. era acusado de ser autor de homicídios na zona norte.

Outros cinco internos e 11 monitores ficaram feridos no motim. Segundo os funcionários, o estado de um dos monitores é grave.

A rebelião começou às 22h de quinta-feira na unidade educacional de número 31, onde estão internados 463 menores. A confusão começou na ala D e logo se espalhou para outras sete alas da unidade.

Os menores usaram como arma as barras de ferro das camas e mantiveram cerca de 15 monitores como reféns. Segundo a secretaria, os internos queriam o aumento do período de visita e a transferência de alguns monitores para outras unidades.

O secretário de Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, disse que os menores fizeram exigências "absurdas". "Queriam que a gente facilitasse a entrada de drogas na unidade, por exemplo."

Sem controle

Marcelo Oliveira, 28, foi um dos primeiros monitores a serem detidos pelos menores. "Não dava para controlar. Eu fiquei por duas horas em um colchão em que estava escrita a palavra 'refém', junto de uma das janelas da unidade", contou.

Após duas horas, Oliveira foi levado para o teto da unidade, no mesmo momento em que o corpo de V.L. era transportado para ser posteriormente queimado.

Oliveira foi jogado e caiu de uma altura de oito metros, mas apenas torceu o tornozelo e teve luxações no joelho.

Segundo os monitores, os motins começaram no sábado no horário da visita e continuaram no domingo, mas a situação havia sido controlada pelos funcionários da Febem. Na segunda-feira, o dia foi calmo, mas na terça por volta de 12h, um funcionário foi agredido na unidade de número 30.

Na quarta-feira, a situação voltou a ficar tensa com uma nova rebelião na unidade 31 com os menores colocando fogo em colchões e lençóis. No mesmo dia houve uma tentativa de fuga na unidade 30, vizinha à 31, onde os menores haviam se rebelado.

A secretaria reconhece apenas um rebelião na quinta e uma "situação de tensão" no sábado.

Hoje, a tropa de choque teve de lançar bombas de efeito moral para obrigar os menores a voltar para as celas. eles ameaçaram jogar objetos nos policiais mas segundo o comandante da tropa, Reinado Pinheiro, não houve mais resistência.

Procuradores da República e promotores da Infância e da Juventude acompanharam a ação da tropa de choque.

Do lado de fora da unidade, as mães se desesperaram quando ouviram o barulho das bombas.

O secretário de Desenvolvimento Social, Edsom Ortega, confirmou a morte de apenas um menor, apesar de alguns monitores terem dito que ocorreram dois assassinatos. "As exigências eram absurdas. Queriam por exemplo que a gente facilitasse a entrada de drogas na unidade."

No final da tarde de hoje, a tropa de choque estava transferindo alguns menores para a unidade 30, que estava subocupada, com apenas 80 menores. O comandante Pinheiro não soube dizer quantos seriam transferidos. "A outra unidade está em melhores condições do que esta", disse.

Segundo o comandante, a unidade 31, onde aconteceu a rebelião, as grades e cadeados estavam quase todos quebrados.

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