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17/04/2003 - 21h51

PF abre inquérito para apurar tráfico de influência de Arcanjo

HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

A Polícia Federal em Mato Grosso abriu hoje inquérito para apurar o tráfico de influência e as ameaças contra juízes e promotores pela organização criminosa que seria comandada pelo "comendador" João Arcanjo Ribeiro, 51.

A base da investigação é uma fita k-7 apreendida pela polícia na casa de Arcanjo no último dia 4. Foram gravados diálogos entre advogados, pessoas ligadas a Arcanjo e a mulher dele Sílvia Chirata, segundo a PF.

"Nós tínhamos um relator com o nome na lista tríplice do Fernando Henrique [Cardoso] para ser nomeado ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça], não queria comprometer a nomeação dele... agora já dançou... tá sentido com o governo", disse uma das pessoas cuja voz não identificada pela polícia. A Agência Folha obteve a transcrição da fita por meio da PF.

O delegado Marcelo Salvio Resende Vieira, 31, disse que foram apreendidos também documentos na casa de Arcanjo que apontam para estratégia de defesa com tráfico de influência e retaliação aos membros do Poder Judiciário.

"Nos documentos falam em revidar e atacar as pessoas que estão perseguindo o Arcanjo. Eu entendo que seriam os promotores e juízes que estariam conduzindo as investigações", afirmou Vieira.

Foragido desde dezembro e preso nesta semana em Montevidéu, no Uruguai, Arcanjo é acusado de liderar o crime organizado, de lavar dinheiro no Uruguai e Estados Unidos e de sonegar R$ 842 milhões da Receita Federal, entre 1997 e 2001.

A fita apreendida pela PF teria sido gravada na casa de Arcanjo por iniciativa de Sílvia Chirata, que também foi presa no Uruguai. Arcanjo e a mulher ainda não foram extraditados.

"Têm ainda documentos que revelam indícios de envolvimento de pessoas ligadas a órgãos do governo federal e ao Ministério Público que poderiam atuar em favor do Arcanjo", afirmou o delegado à Agência Folha.

Segundo informações da PF, nas gravações o nome de juízes e do procurador da República em Mato Grosso Pedro Taques são mencionados de forma desrespeitosa. Taques fez as denúncias contra Arcanjo.


Bloqueio

O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, informou que o Ministério Público estuda pedir o bloqueio de US$ 45 milhões nas contas de Arcanjo no Uruguai. O procurador Pedro Taques informou que o procedimento já foi realizado em dezembro passado. A Justiça Federal também tornou indisponíveis os bens de Arcanjo.
 

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