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20/04/2003 - 02h30

Santuário de Aparecida preserva séculos de história

CAROLINA FARIAS
da Folha de S.Paulo, em São José dos Campos

Iniciada na semana passada, a restauração de cinco mosaicos que foram doados pelo papa João Paulo 2º, em 1980, em sua visita à Basílica Nacional de Aparecida, marca um processo de reestruturação cultural da arquidiocese e do Santuário Nacional, que começou no ano passado a inventariar todo o patrimônio cultural religioso de suas paróquias.

Os painéis, que medem dois metros de altura por dois metros de largura, ficaram expostos na capela do Santíssimo, no interior da basílica, e sofreram alguns danos em decorrência da ação dos anos e do clima.

Somente no museu da basílica existem 2.500 objetos e obras de arte -cerca de 500 deles precisam passar por algum processo de restauro.

O inventário cultural também tem o objetivo de ajudar a diocese a recuperar o que está degradado.

Determinação papal

O trabalho é uma determinação do papa, que, em 1996, fundou a Comissão dos Bens Culturais e Históricos da Igreja, determinando que todas as dioceses e arquidioceses realizem esse levantamento com o intuito de preservar o patrimônio religioso. No Brasil, a comissão nacional foi criada somente no ano passado.

A Arquidiocese de Aparecida abrange as paróquias de cinco cidades: Aparecida, Guaratinguetá, Roseira, Potim e Lagoinha. Todas as igrejas e capelas das paróquias passarão pelo levantamento, que identificará todos os elementos que fazem parte da cultura religiosa, que vão de imagens até partituras musicais.

O trabalho também inclui um levantamento da situação arquitetônica em que se encontram os templos. Para se ter uma idéia, algumas das paróquias da arquidiocese possuem igrejas construídas nos séculos 18 e 19.

Segundo um dos realizadores do inventário, César Maia, funcionário do Memorial Redentorista de Aparecida, há nove meses 18 capelas de três paróquias da cidade já foram inventariadas.

"É um trabalho minucioso e demorado, que deve ser feito com um agendamento prévio da paróquia. O prazo para a conclusão é indeterminado", afirmou Maia.

Mudanças

Paralelamente a isso, o Santuário Nacional tem um projeto para a reestruturação de seu museu e de seu arquivo histórico, que tem o mesmo objetivo das comissões criadas pelo Vaticano: preservar corretamente o patrimônio.

Até 2004, o museu da basílica deve ser ampliado. Atualmente ele ocupa todo o segundo andar da torre da igreja e, depois de realizada a ampliação, passará a ocupar mais um piso.

Segundo o chefe do museu da basílica, Guido Machado Braga, com a reestruturação o acervo será dividido em setores.

No local, as peças não são dispostas em divisões específicas: obras de arte sacra dividem o mesmo ambiente com trabalhos indígenas. Pratarias e jóias ficam ao lado de paramentos antigos, e relíquias se localizam entre armários com porcelanas.

"Atualmente 11 pessoas trabalham aqui, mas nós não possuímos nenhum museólogo", disse Braga.

Desde sua fundação, 47 anos atrás, o local recebe doações, a maioria delas provenientes de romeiros e devotos de Nossa Senhora Aparecida.

Entre as peças doadas existem obras de arte barroca dos séculos 18 e 19, objetos da Revolução Constitucionalista, telas e artigos curiosos, como a réplica do capacete oficial do piloto de F-1 Ayrton Senna, morto em 1994, que foi doada pela família.

"Para mim as obras mais valiosas e raras são essas", aponta Braga para duas telas da Escola de Paris, datadas de 1370. Elas retratam São Bernardino de Sena e Santo Antonio e foram doadas também pelo Vaticano, há 20 anos.
 

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