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25/04/2003 - 03h27

PF investiga ligação de policiais com doleiro em SP

da Folha de S.Paulo

Uma força-tarefa que reúne a Polícia Federal e a Procuradoria da República investiga policiais civis e federais de São Paulo por suspeita de enriquecimento ilícito, de remessa de dinheiro para o exterior e de dar cobertura a esquemas de contrabando.

A operação sigilosa, que começou no final do ano passado, é negada oficialmente pela direção da Polícia Federal, em Brasília, mas, segundo a Folha apurou, há equipes de outros Estados atuando nesse caso em São Paulo.

Ontem, ao ser questionado sobre a investigação, o secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, admitiu que há uma apuração em andamento, em conjunto com a Polícia Civil estadual, para avaliar o envolvimento de policiais paulistas, mas não quis dar detalhes. "Estamos apurando juntamente com a Polícia Federal", disse ele.

A ação da força-tarefa tem sido o principal assunto nos corredores das delegacias de São Paulo nas últimas duas semanas, porque estariam para ser pedidas prisões contra os suspeitos identificados. Até agora, 30 pessoas já foram ouvidas no inquérito da PF.

Na mira da investigação estão 25 agentes e pelo menos seis delegados federais, mais policiais civis e até magistrados. Eles teriam mantido contato com o empresário Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho Barcelona, apontado como um dos maiores doleiros do país.

No mês passado, policiais federais tentaram prender Toninho em quatro endereços diferentes em São Paulo, em uma ação simultânea, mas ele conseguiu escapar pelos fundos de sua empresa, a Barcelona Tour Viagens e Turismo. Cheques, documentos e papéis encontrados nesses endereços é que teriam dado origem à lista de pessoas suspeitas.

Segundo a Folha apurou, o empresário teria transformado reais em dólares para esses clientes, por meio de uma transação comparada à de lavagem de dinheiro. Os nomes dessas pessoas estão sendo mantidos em sigilo.

Na época da operação, o advogado de Toninho, Carlos Costa e Silva, disse que seu cliente não era doleiro e que possuía uma casa de câmbio legalizada com carta patente do Banco Central. E que, em dez anos, nunca sofreu qualquer punição.

"Se nós tivermos o mínimo de indício, afasta, e [se houver] prova, demite. Não há hipótese de isso acontecer e a gente tolerar", disse o secretário de São Paulo ao responder se pretendia afastar os policiais investigados.

A Polícia Civil ainda tenta, segundo a Folha apurou, descobrir quem são os suspeitos de sua corporação envolvidos. Um delegado, que trabalhou no Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) e já foi investigado por ligação com tráfico de drogas, e policiais do Deic estariam entre os investigados.

O delegado-geral de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, esteve na tarde de ontem na superintendência da PF no Estado. Ele foi se informar sobre o caso.

O secretário da Segurança Pública de São Paulo afirmou ontem que não comentaria ""investigação em andamento" ao ser questionado sobre a apuração de que carros da polícia foram usados para escolta de contrabando -descobertas por meio de escutas telefônicas. Também se recusou a falar dos supostos pedidos de prisão contra policiais e sobre a existência de uma lista com nomes dos suspeitos.

"Nós não temos nenhuma dificuldade em depurar a polícia. Têm mais de 700 policiais presos. Só neste ano já demiti quase 700", disse Abreu Filho.

Na semana passada, uma outra investigação da Polícia Federal, em conjunto com o Denarc, fez com que o departamento da Polícia Civil prendesse dois de seus policiais.
 

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