Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/04/2003 - 03h29

PF apura origem de dinheiro de policiais em SP

da Folha de S.Paulo

O Ministério Público Federal quer descobrir a origem do dinheiro que policiais federais e civis de São Paulo usaram em transações financeiras intermediadas pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho Barcelona, foragido da Justiça há um mês e denunciado por crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.

O caso está com a Polícia Federal, que apura se houve enriquecimento ilícito e remessa ilegal de dinheiro para o exterior, entre outros crimes. Em uma das conversas telefônicas gravadas nos quatro meses de investigação, um policial federal encomenda US$ 10 mil (R$ 30,1 mil) ao doleiro.

Pelo menos quatro delegados e quatro agentes federais de São Paulo foram flagrados nos grampos. Para manter o trabalho em segredo, o Ministério Público Federal fez as escutas sem a Polícia Federal, com equipamentos do escritório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no Estado.

No mês passado, em operação conjunta com a PF, a Procuradoria da República apreendeu documentos, cheques, comprovantes de pagamentos e 12 computadores em quatro escritórios do doleiro na capital. Seis pessoas foram detidas, mas Toninho Barcelona conseguiu escapar.

A partir dessas pistas, que estão sendo analisadas agora, teriam surgido nomes de policiais civis e até de magistrados que mantiveram negócios com o doleiro. Os nomes estão sendo mantidos em segredo pela PF. Ontem, a Polícia Civil ainda não tinha detalhes do que já existe contra os seus policiais nem quantos eles são.

No dia da ação nos escritórios da Barcelona Tour, no centro, foi detido um policial militar que estaria "escoltando" um malote com R$ 300 mil de uma autoridade. Ele prestou depoimento, mas o conteúdo não foi revelado.

Segundo o procurador da República Sílvio Luís Martins de Oliveira, na denúncia contra Toninho Barcelona, o empresário transformou uma casa de câmbio e de turismo em uma instituição financeira que funcionava sem autorização do Banco Central.

De acordo com as escutas, o doleiro tinha contato com uma empresa no Uruguai, a Lespan, por meio da qual fazia depósitos irregulares em paraísos fiscais.

A Folha não conseguiu localizar ontem o advogado que defende o empresário no processo. Alberto Zacharias Toron, defensor dos outros seis denunciados pela Procuradoria no caso, disse que as "acusações são infundadas".

Os nomes dos oito policiais federais já identificados ficaram de fora da denúncia apresentada à Justiça Federal porque não foi configurado que estavam lavando dinheiro, mas trocando ou comprando dólares, o que não é crime. Por esse motivo, parte do procedimento foi remetido pela Justiça Federal para a Corregedoria da PF, a quem cabe investigar a origem dos recursos movimentados por eles e o comportamento dos policiais -se houve proteção ou conivência com o doleiro.

A partir das conversas telefônicas gravadas e de documentos apreendidos na investigação, o Ministério Público Federal identificou 24 doleiros que se relacionam em negócios em São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Ontem, a Secretaria da Segurança Pública informou que não falaria sobre as investigações. Não respondeu quais providências foram tomadas após a descoberta de que policiais civis podem estar envolvidos nos esquemas suspeitos do doleiro.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página