Publicidade
Publicidade
02/05/2003
-
03h56
IURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O Ministério da Saúde apresentou, em reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) no início de abril, um estudo mostrando que 80% dos usuários de drogas injetáveis já foram detidos ao menos uma vez pela polícia.
O dado foi utilizado como argumento para defender a política do ministério, que prevê a descriminalização do uso de drogas.
Pela primeira vez, técnicos da Saúde participaram da reunião da Comissão de Narcóticos da ONU, realizada anualmente. Desde 1998, a delegação brasileira era composta por integrantes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas). A exposição da Saúde, feita para representantes de 115 países, defendeu a descriminalização do usuário e a adoção da política de redução de danos.
Ou seja, o governo oferece equipamentos para o usuário poder fazer aplicação da droga, por exemplo. O objetivo é evitar contaminação, já que 85% deles dizem injetar drogas em grupo.
O resultado disso são as altas taxas de contaminação por HIV (36,5%) e de hepatite C (56,4%). A pesquisa foi feita pelo Ministério da Saúde em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), nos anos de 1999 e 2001. A base do levantamento são os 85 mil usuários de drogas injetáveis atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
De acordo com Denise Doneda, da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, a política de redução de danos aliada ao trabalho de agentes de saúde pode despertar no usuário a consciência da necessidade de tratamento.
Essa proposta diverge das diretrizes da Senad. A Saúde não prega a abstinência e tolera o uso. Já a secretaria impõe como "punição" o tratamento obrigatório do usuário para que ele fique "limpo" das drogas. O ministério defende a descriminalização do usuário. A Senad acha que a sociedade não está pronta para isso.
Segundo a pesquisa, a maioria dos usuários de drogas injetáveis atendidos pelo SUS é jovem (18 a 30 anos), tem pouca instrução e está desempregada (82%).
Com base nesses números, o governo pretende expandir a rede de Centros de Atendimento Psicossocial, voltados para usuários de drogas e álcool. Hoje, existem 42 no país. A meta do ministério é implantar mais 78 até dezembro.
Leia mais
Repressão policial não é suficiente contra narcotráfico, diz especialista
80% dos usuários de drogas injetáveis já estiveram presos
LUCIANA CONSTANTINOIURI DANTAS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O Ministério da Saúde apresentou, em reunião da ONU (Organização das Nações Unidas) no início de abril, um estudo mostrando que 80% dos usuários de drogas injetáveis já foram detidos ao menos uma vez pela polícia.
O dado foi utilizado como argumento para defender a política do ministério, que prevê a descriminalização do uso de drogas.
Pela primeira vez, técnicos da Saúde participaram da reunião da Comissão de Narcóticos da ONU, realizada anualmente. Desde 1998, a delegação brasileira era composta por integrantes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas). A exposição da Saúde, feita para representantes de 115 países, defendeu a descriminalização do usuário e a adoção da política de redução de danos.
Ou seja, o governo oferece equipamentos para o usuário poder fazer aplicação da droga, por exemplo. O objetivo é evitar contaminação, já que 85% deles dizem injetar drogas em grupo.
O resultado disso são as altas taxas de contaminação por HIV (36,5%) e de hepatite C (56,4%). A pesquisa foi feita pelo Ministério da Saúde em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), nos anos de 1999 e 2001. A base do levantamento são os 85 mil usuários de drogas injetáveis atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
De acordo com Denise Doneda, da Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids, a política de redução de danos aliada ao trabalho de agentes de saúde pode despertar no usuário a consciência da necessidade de tratamento.
Essa proposta diverge das diretrizes da Senad. A Saúde não prega a abstinência e tolera o uso. Já a secretaria impõe como "punição" o tratamento obrigatório do usuário para que ele fique "limpo" das drogas. O ministério defende a descriminalização do usuário. A Senad acha que a sociedade não está pronta para isso.
Segundo a pesquisa, a maioria dos usuários de drogas injetáveis atendidos pelo SUS é jovem (18 a 30 anos), tem pouca instrução e está desempregada (82%).
Com base nesses números, o governo pretende expandir a rede de Centros de Atendimento Psicossocial, voltados para usuários de drogas e álcool. Hoje, existem 42 no país. A meta do ministério é implantar mais 78 até dezembro.
Leia mais
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice