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06/05/2003 - 23h17

Chanceler diz que fecha universidade se tráfico ordenar novamente

TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

Na frente do secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Anthony Garotinho, o chanceler da Universidade Estácio de Sá, o ex-senador Artur da Távola, afirmou hoje que fecha a universidade imediatamente caso o tráfico dê novamente a ordem.

Ontem, dentro do campus do Rio Comprido (zona norte), a estudante Luciana Gonçalves Novaes, 19, foi baleada no rosto e está internada em estado grave. Ela corre risco de morte e pode ficar tetraplégica, segundo os médicos.

Logo depois de o secretário ter anunciado a ação policial para aumentar a segurança da área, Távola não titubeou ao ser perguntado se fecharia o campus.

"Fecho. Não acredito que venha [a ordem de fechamento pelo tráfico], pelo aparato [policial] montado. Agora, se a ousadia chegar a esse ponto, não podemos submeter os alunos a um risco dessa ordem", disse o chanceler, que esteve reunido por uma hora com o secretário.

Garotinho nada disse ao ouvir a declaração de Távola. Ao ser perguntado sobre o assunto, ele desconversou.

"Eu completo no dia de hoje uma semana à frente da secretaria. Não vamos resolver tudo de uma hora para outra, é uma situação muito complexa", afirmou.

Távola afirmou não ter fechado o campus imediatamente ontem porque o bilhete recebido na universidade, supostamente escrito por traficantes do morro do Turano (de onde partiu o tiro), "não é claro".

"Gradativamente, a direção do campus foi fazendo a evacuação do local. Porque não era uma ordem", disse.

Segundo ele, a PM (Polícia Militar) é criticada no bilhete. "Dizia que a PM entra lá [no morro] para matar as pessoas e que por esta razão haveria uma manifestação de repúdio a este ato", disse Távola.

Manuscrito a caneta em folha de caderno, o bilhete foi entregue pela universidade à Secretaria de Segurança Pública, que não o divulgou.

Ontem Garotinho afirmou que a polícia havia sido acionada ainda antes do tiro, quando o comércio do Rio Comprido começou a fechar por ordem de traficantes do Turano.

Apesar de ter dado a comerciantes e empresários a garantia de que poderiam funcionar, o secretário não conseguiu evitar a ação dos traficantes e o ferimento da estudante, mesmo com a polícia já presente na área.

O Turano está ocupado por tempo indeterminado por 200 policiais de quatro batalhões da PM.

"A PM também vai colocar carros nas [três] entradas da comunidade de onde partiram os tiros que levaram a esse episódio repugnante", disse Garotinho. O policiamento nas vias de acesso à universidade foi reforçado.

A Polícia Civil está utilizando helicópteros para mapear a favela e identificar pontos vulneráveis da universidade. Segundo o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, já foram identificando seis traficantes que integram o grupo que atirou contra o campus. Eles são conhecidos como Pacheco, Kill, Barbosinha, Nego, PC e Duda.

Em busca dos suspeitos, policiais da Core (Coordenadoria de Operações Especiais da Polícia Civil) estiveram hoje no morro do Zinco (vizinho ao Turano). Houve tiroteio. Dois supostos criminosos foram mortos. Um deles era conhecido como Chechelo. O outro não havia sido identificado até a conclusão desta edição.

Um grupo de alunos programa uma manifestação para hoje. Eles pretendem entregar ao chanceler um abaixo assinado em que pedirão modificações estruturais no campus, como a construção de um muro entre o terreno da universidade e a favela.

"O que for necessário ser feito será feito", disse Távola.


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