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11/05/2003 - 11h02

Ribeirão Preto (SP) perde R$ 7,2 mi por ano com lixo

EVANDRO SPINELLI
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto

Reciclagem de lixo não é só uma questão ambiental, é um problema que pode ser visto também do ponto de vista financeiro. Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo) deixa de arrecadar cerca de R$ 7,2 milhões por ano com a falta de um programa abrangente de coleta seletiva de lixo.

Esse dinheiro poderia vir da venda do lixo reciclável _papéis, vidros, plásticos e metais_ que é despejado no aterro sanitário.

"O lixo poderia ser economicamente mais viável, retornando esse dinheiro em benefício da comunidade", disse Otávio Okano, gerente regional da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

Na cidade, apenas 20 bairros têm coleta seletiva, que é feita pela Leão Ambiental, empresa contratada pelo Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) para recolher o lixo doméstico e operar o aterro sanitário. Mesmo assim, em cada bairro o caminhão do "lixo útil", como o programa é conhecido, só passa uma vez por semana.

"Estamos ampliando o programa à medida em que os moradores pedem. Além disso, a gente busca em qualquer lugar da cidade quando o morador liga para nós, mesmo que não seja em um bairro atendido", afirmou a engenheira Luciana Alecrim, diretora técnica do Daerp.

Somando o que a coleta nas casas recolhe com o que é depositado pela população em 237 pontos de entrega voluntária _tambores e contêineres_ espalhados pela cidade, são recolhidas diariamente 8 toneladas de lixo reciclável, ou 1,6% das 490 toneladas de resíduos produzidos por dia.

Direto ao aterro

Considerando que pelo menos 30% de todo o resíduo domiciliar poderia ser reciclado, segundo o Daerp --a Cetesb estima essa taxa entre 40% e 50%--, Ribeirão poderia recolher 147 toneladas de "lixo útil" todos os dias.
Dessa forma, seriam cerca de 38 mil toneladas por ano. Vendidas a R$ 200 em média, resultariam em uma receita de R$ 7,6 milhões.

Como são apenas 2.000 toneladas por ano, a prefeitura arrecada cerca de R$ 400 mil anualmente. Assim, R$ 7,2 milhões em material reciclável são jogados todos os anos no aterro sanitário.

Além do ganho financeiro, se 30% do volume de lixo tivesse outro destino, a vida útil do aterro aumentaria. Previsto para se esgotar em 2006, ele poderia ir pelo menos a 2008, prorrogando o prazo para a prefeitura buscar outra área para servir de aterro.

A situação de Ribeirão, no entanto, não é muito diferente do restante do país. Em Campinas, cerca de 2% do lixo é reciclado. Em Bauru, 1,5%. Em São Paulo, menos de 1%.

Por outro lado, em Porto Alegre (RS), o programa da prefeitura consegue reciclar cerca de 10% do lixo que é produzido.

Cooperativa

Em Batatais, esse percentual chegou a 6,5% depois que foi implantada uma cooperativa de catadores de lixo. O grupo tem contrato com a prefeitura para recolher o lixo reciclável já separado pelos moradores e recebe R$ 100 por tonelada coletada, além de poder vender o material.

O geógrafo Elias Antônio Vieira disse que a população tem interesse em participar dos programas de coleta seletiva. "A população deixa de fazer [a separação do lixo] por falta de política pública", disse Vieira, que defendeu, em dezembro, uma dissertação de mestrado na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro sobre o lixo de Ribeirão.

Esse dado, segundo ele, surgiu em sua pesquisa. O geógrafo entrevistou 120 pessoas e constatou que 11,7% dos consultados entregam os materiais separados para o caminhão da coleta seletiva e 11,6% depositam os resíduos em um posto de entrega voluntária. Outros 10% separam, mas deixam na rua para a coleta normal.
 

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