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15/06/2003 - 06h31

Sedentarismo é pior que poluição, diz médico

da Folha de S.Paulo

O médico Paulo Saldiva, da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), especialista em efeitos da poluição no organismo, diz que, entre o sedentarismo e a prática de exercícios em meio ao ozônio, a atividade física ainda traz mais vantagens.

"Em geral, o benefício [da pratica esportiva] é maior do que a perda [causada pela poluição]. Há benefícios cardiovasculares, para a pressão arterial, para a diminuição do colesterol. Mas é preciso evitar, por exemplo, correr no meio da avenida Sumaré, do lado do tráfego", explica.

Segundo o pesquisador, é fácil a pessoa descobrir se está sob o efeito nocivo da poluição durante a prática esportiva. "Ela vai sentir ardor nas vias aéreas e também vai perceber que não está rendendo como de costume."

O médico afirma que o ozônio é apenas um dos milhares de oxidantes nocivos produzidos pela poluição atmosférica.

"O ozônio é, na verdade, a tromba de elefante, ele vem acompanhado de uma série de outros oxidantes fotoquímicos. Lesa o organismo pela capacidade que tem de retirar um elétron de lipídios, proteínas e do DNA. Por isso, está relacionado às mutações e, dependendo do lugar onde isso ocorrer, pode gerar um câncer."

"O ozônio, de fato, pode atacar o material genético celular. Pode, portanto, formar um tumor", diz o pesquisador Carlos Menck, do ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP (Universidade de São Paulo).

Saldiva diz ainda que asmáticos costumam ter mais crises durante picos de ozônio. "O gás também prejudica a resistência celular do pulmão contra microorganismos. As células de defesa do pulmão funcionam pior e aumenta o risco de infecção ou pneumonia."

Outras cidades

O físico Paulo Artaxo, do IF (Instituto de Física) da USP, que usa a medição por ppb (partes por bilhão), afirma que, principalmente na primavera, a concentração em São Paulo atinge entre 60 e 100 medidas --o máximo é 80.

Segundo ele, o Ibirapuera não é o melhor lugar para uma corrida. "É um lugar bastante poluído, onde se pode respirar sob taxas de ozônio prejudiciais à saúde."

A Cidade do México, capital mexicana, segundo o pesquisador, chega a ter picos de 300 ppb. A capital do Chile, Santiago, registra até 200 ppb.

Só que essas cidades conseguiram reduzir dramaticamente seus índices de ozônio com investimentos no transporte público --menos carros, menos resíduos para se transformar no gás.

Santiago, por exemplo, decidiu triplicar a extensão das linhas do metrô para reduzir o número de veículos nas ruas.

Se a saída é aumentar o atendimento do transporte coletivo, São Paulo perde na comparação. Hoje, a cidade tem 57,6 km de linhas de metrô.

Santiago tem 40,4 km de linhas em funcionamento e prevê o término de mais 33 km em 2005. A Cidade do México tem 201,7 km de linhas.
 

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