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17/06/2003 - 12h02

Morte infantil supera média do Estado em Piracicaba e Bragança

da Folha de S.Paulo, em Campinas

As regiões de Bragança Paulista (83 km a norte de São Paulo) e Piracicaba (162 km a noroeste de São Paulo) registraram em 2002 taxas de mortalidade infantil superiores à média do Estado e também tiveram crescimento no índice em relação a 2001, contrariando a tendência de outras áreas.

Segundo levantamento divulgado ontem pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), o índice estadual de mortalidade infantil (neonatal e pós-neonatal) foi de 15,04 para cada mil nascidos vivos. Em 2001, esse índice era de 16,07.

Na região de governo de Bragança Paulista, composta por 16 municípios, a taxa em 2002 foi de 18,84. Em todo Estado há apenas outras seis regiões nessas condições --com taxa maior que 18. Na região de Piracicaba, composta por 11 cidades, a taxa foi de 15,91. Nas outras quatro áreas de governo da região, Campinas (22 cidades), Jundiaí (nove), Limeira (oito) e Rio Claro (oito) o índice ficou abaixo da média do Estado.

Nas regiões de Bragança e Piracicaba, a pesquisa do Seade mostra uma queda na mortalidade neonatal precoce e tardia (que abrange as crianças até os 28 dias), mas um crescimento significativo nos óbitos de pós-neonatal (entre 28 dias e 11 meses).

Na região de Bragança Paulista, enquanto em 2001 a média de mortalidade pós-neonatal foi de 3,79 por mil nascidos vivos, em 2002 esse índice subiu para 5,97.

Na região de Piracicaba a taxa de mortalidade infantil nessa faixa etária cresceu de 3,81, em 2001, para 6,02, em 2002.

A mortalidade pós-neonatal depende não apenas do atendimento prestado durante a gravidez e logo depois do parto, mas das condições de vida das famílias das crianças, como saneamento básico e nutrição.

O secretário de Saúde de Bragança Paulista, Fernando de Assis Neto, afirmou que a administração está investindo em programas de prevenção à mortalidade infantil. "Possuímos programas específicos para o atendimento de mulheres grávidas e para os recém-nascidos", afirmou Neto.

O secretário de Saúde e vice-prefeito de Piracicaba, João Pauli, admitiu que até agora a administração não conseguiu definir com precisão as causas do crescimento da mortalidade de bebês entre 28 dias e 11 meses na cidade, mas afirmou que irá questionar o Seade sobre a precisão dos dados.

"Criamos o conselho municipal de mortalidade infantil, que começará a atuar em julho."

Alexsandra Ferreira Lopes, 19, moradora do bairro Santa Lúcia, na periferia de Bragança Paulista, perdeu sua filha Maria José, de três dias. O bairro não dispõe de rede de esgoto.

A criança morreu em maio, e até agora a causa do óbito não foi definida. "Fiz o pré-natal direitinho durante toda a gravidez. Não sei o que aconteceu, alguns médicos dizem que foi infecção hospitalar, outros, pressão alta", disse.

A dona-de-casa Ana Rosa Silva, 64, mora em uma casa de dois cômodos no mesmo bairro e perdeu, há dois anos, a neta Jéssica, de um ano, vítima de pneumonia. "Ela ficou internada uma semana, mas não resistiu."

Positivo

Na região, o índice mais baixo de mortalidade infantil foi registrado em Limeira (150 km a noroeste de São Paulo), com uma média de 11,21 mortes por grupo de mil crianças nascidas vivas.

Segundo o diretor de programas e projetos da Secretaria de Saúde de Limeira, Danilo Gullo Ferreira, esses números começaram a cair depois da criação da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal na Santa Casa de Limeira e de um ambulatório com serviço de pediatria diferenciado. Além disso, o município mantém programas de combate à desnutrição infantil e tratamento de doenças parasitárias.

Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), principal área da região, tem taxa de 11,98. A administração atribui o índice, principalmente, ao programa Banco de Leite, que beneficia prematuros com leite materno, e ao saneamento.
 

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