Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
20/06/2003 - 06h30

Especialista e ministro vêem falha na escolta

da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A cúpula da Polícia Federal, o ministro da Justiça e especialistas avaliam que houve falhas na proteção ao filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem em Santo André, feita pelo Gabinete da Segurança Militar.

Mesmo depois do episódio, o gabinete, ligado à Presidência da República, informou que não haverá reforço na segurança nem mudança nos procedimentos de escolta. No entanto foi realizada uma reunião ontem pela manhã para discutir o incidente.

A PF, que é subordinada ao Ministério da Justiça, não fez nenhuma declaração formal sobre o caso, mas a Folha apurou que integrantes do seu núcleo central consideram que o desfecho poderia ter sido diferente. O filho do presidente saiu ileso do assalto.

Delegados que comandam diretorias em Brasília diziam que o caso deveria impor mudanças na segurança de toda a família de Lula. Uma diretriz citada diz que toda ação de deslocamento deveria ser precedida de trabalhos de inteligência para avaliar as possibilidades de atentados ou assaltos.

"Baixaram a guarda"

Em São Paulo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, avaliou que os dois militares que faziam a escolta "baixaram a guarda". Ele lembrou que, quando o carro de sua mulher foi roubado, em março deste ano, o motorista estava com o vidro abaixado, ouvindo música. Assim, o fato de o veículo ser blindado de nada adiantou. Para Thomaz Bastos, se houver atenção, a possibilidade de ocorrer algo cai até 80%.

O ministro acredita que os dois seguranças não usavam um carro blindado porque em Brasília isso não é comum. O veículo que a escolta usava era um Astra, alugado pela Presidência.

Especialistas ouvidos pela Folha também dizem que falhas poderiam ter sido evitadas no episódio de anteontem, que terminou com a morte de um dos seguranças.

Para José Jacobson Neto, presidente do sindicato das empresas de segurança privada de São Paulo, o maior risco acontece quando os profissionais caem na rotina e perdem a atenção no trabalho.

Em sua avaliação, a escolta jamais deve ficar dentro do carro estacionado, mesmo que seja blindado --e o dos seguranças do filho de Lula não era.

"Um criminoso odeia situações complicadas. Se um segurança está no carro e outro encostado em um poste, o assaltante pensará duas vezes antes de fazer uma abordagem, pois precisará render dois homens em pontos estratégicos diferentes", afirma Neto.

Já Wagner Magno Rossano, da empresa privada Guarda Patrimonial, a segurança institucional --como a do filho de Lula-- é diferente da segurança privada, pois os oficiais podem deter um suspeito e pedir documentos.

"Quando se faz qualquer trabalho de segurança pessoal, tem de ser feita uma análise de risco. Ou seja, estudar os locais que as pessoas vão com maior frequência para adotar um planejamento. Isso inclui estudar os índices de criminalidade da região e entrevistar moradores do local", afirma.

Investigações

Por ordem do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, o cargo mais alto da organização em São Paulo está acompanhando a equipe de investigação, presente fisicamente nos locais de apuração. O superintendente regional Francisco Baltazar da Silva, responsável pelo órgão no Estado, informa periodicamente Lacerda dos avanços. Lacerda, por sua vez, contata o ministro Thomaz Bastos, que também acompanha o caso. Em tese, ele avisaria Lula.

Após o assalto, ocorrido por volta das 19h45 de anteontem, foi criada uma "força especial" para a investigação, liderada pela Polícia Civil paulista. A colaboração da Polícia Federal acontece apenas com o intercâmbio de informações da área de inteligência.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página