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20/06/2003 - 06h40

Rede de prostituição no CE é voltada para estrangeiro, diz PF

da Agência Folha, em Fortaleza

Um relatório da Polícia Federal do Ceará feito em 2001, mas mantido em sigilo até a semana passada, mostra a rede de prostituição voltada para estrangeiros atrás do turismo sexual em Fortaleza.

O relatório feito pela psicóloga e ex-agente da PF Maria Elismar Santander deu apoio à CPI do Turismo Sexual, promovida pela Câmara Municipal de Fortaleza no mesmo ano, e que resultou, na época, na prisão de 29 pessoas --a maioria intermediários do turismo sexual, como taxistas.

Maria Elismar passou cinco meses disfarçada e acompanhou desde a chegada de turistas ao aeroporto internacional Pinto Martins, em Fortaleza, até a procura por garotas em bares e boates da praia de Iracema. Ela deixou a PF há um ano, após 28 anos de carreira. Hoje, atende famílias com problemas de dependência química em consultório psicológico.

Durante a investigação, a psicóloga afirmou que percebeu que estrangeiros que conseguiam se fixar no país, depois de casar e ter um filho, para ter um visto de permanência, serviam de recepcionistas de turistas no aeroporto, muitas vezes levando garotas.

Os italianos são a maioria: entre 1999 e 2001, 90 italianos se fixaram em Fortaleza, segundo dados do governo do Ceará incluídos no relatório da CPI. Em segundo lugar, estão os franceses (30).

A grande entrada de estrangeiros é notada com facilidade na praia de Iracema. Até três anos atrás, o local, um dos pontos mais tradicionais de Fortaleza, onde a cidade nasceu, era tomado por boêmios, artistas e moradores da cidade, atrás de música ao vivo.

Hoje, 60% dos bares pertencem a estrangeiros e servem de ponto de encontro dos turistas com prostitutas. Em pelo menos oito boates que funcionavam anteontem à noite no bairro, a maioria dos presentes era de turistas estrangeiros do sexo masculino e prostitutas brasileiras.

O esquema envolve o aluguel de flats e pousadas --para evitar os hotéis, alvos de fiscalização--, e de veículos. Também há a participação de taxistas, que transportam as meninas até os clientes.

Dos sete principais acusados de serem agenciadores da prostituição infantil em Fortaleza na CPI, nenhum até agora foi preso.


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