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30/06/2003
-
19h01
ANTONIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, inaugurou hoje o primeiro batalhão blindado da história da Polícia Militar do Estado, com muros, paredes e vidros à prova de bala. O aparato de segurança se justifica: o batalhão fica no complexo da Maré (zona norte), uma das zonas mais conflagradas pela violência causada pelo tráfico de drogas no Estado.
De acordo com o Censo de 2000 do IBGE, a Maré é o maior complexo de favelas do Rio, com 113.807 habitantes distribuídos por 16 comunidades. No local, atuam quatro facções criminosas --Comando Vermelho, Terceiro Comando, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos.
O complexo fica entre as duas principais vias de acesso ao Rio: a Linha Vermelha e a avenida Brasil, por onde passa o tráfego com destino ao aeroporto internacional e à rodovia Presidente Dutra. Fica ainda perto da Linha Amarela, que liga as zonas norte e oeste da cidade.
O batalhão custou R$ 1,5 milhão e terá um efetivo de 800 policiais. O muro de quatro metros de altura e as paredes do prédio foram reforçados com uma chapa de aço, capaz de absorver o impacto de tiros de fuzis AR-15 e 762.
Na entrada da Linha Vermelha, há uma guarita também com vidros e paredes à prova de balas. Até o mês que vem, deverá ser instalada uma câmera a 16 metros de altura para vigiar o entorno do quartel.
Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Álvaro Rodrigues Garcia, os policiais contarão com um microônibus para transportá-los até a avenida Brasil nos horários de entrada e saída dos plantões.
Medo
Apesar do discurso de Garotinho de que o quartel trará paz para a população da Maré, muitos policiais estão com medo de trabalhar no local. O presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Vanderlei Ribeiro, disse que, em uma semana, já recebeu telefonemas de pelo menos 30 PMs, lotados no interior, pedindo que não sejam transferidos para a unidade.
"Eles estão com medo. Imagina colocar esses policiais sem experiência, vindos do interior, para combater traficantes muito bem armados e que conhecem cada rua da região", disse.
O comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, afirmou que, por enquanto, o efetivo do batalhão será formado por policiais do 22ª BPM (Benfica), que será desativado, e de outras unidades da capital. Até o fim do ano, porém, a idéia é deslocar mais 200 homens para a Maré_ a maioria do interior e concursados.
A estratégia adotada pela Secretaria de Segurança para conquistar o apoio da população foi vincular programas sociais ao batalhão: "Temos certeza que o trabalho social que o governo do Estado vai implantar aqui ajudará muito o trabalho da polícia. A PM é apenas uma parte desse projeto para dar paz para toda a população da Maré", disse Garotinho.
Hoje, durante a solenidade de inauguração do novo batalhão, a segurança nas ruas próximas era ostensiva. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) podiam ser vistos em cima da laje de várias casas.
O público, na grande maioria mulheres e crianças, recebeu com frieza o secretário. A cerimônia terminou com um desfile de policiais do Bope, do Batalhão de Choque e da Guarda de Honra da PM.
Conflitos
O novo quartel fica em uma área da favela Nova Holanda, onde a venda de drogas é controlada por traficantes do Comando Vermelho. Bem próximo dali, na comunidade da Baixa do Sapateiro, o tráfico é dominado pelo Terceiro Comando.
Por causa da rivalidade entre as duas facções, a avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha são fechadas com frequência durante tiroteios entre traficantes inimigos ou com a polícia. Na semana passada, a Brasil foi fechada duas vezes.
Em 21 de abril deste ano, um microônibus do 22ª BPM foi atacado na Baixa do Sapateiro. O veículo foi atingido por tiros de fuzil ponto 30.
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Governo do Rio inaugura 1º batalhão blindado da história da PM
MURILO FIUZA DE MELOANTONIO GOIS
da Folha de S.Paulo, no Rio
O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, inaugurou hoje o primeiro batalhão blindado da história da Polícia Militar do Estado, com muros, paredes e vidros à prova de bala. O aparato de segurança se justifica: o batalhão fica no complexo da Maré (zona norte), uma das zonas mais conflagradas pela violência causada pelo tráfico de drogas no Estado.
De acordo com o Censo de 2000 do IBGE, a Maré é o maior complexo de favelas do Rio, com 113.807 habitantes distribuídos por 16 comunidades. No local, atuam quatro facções criminosas --Comando Vermelho, Terceiro Comando, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos.
O complexo fica entre as duas principais vias de acesso ao Rio: a Linha Vermelha e a avenida Brasil, por onde passa o tráfego com destino ao aeroporto internacional e à rodovia Presidente Dutra. Fica ainda perto da Linha Amarela, que liga as zonas norte e oeste da cidade.
O batalhão custou R$ 1,5 milhão e terá um efetivo de 800 policiais. O muro de quatro metros de altura e as paredes do prédio foram reforçados com uma chapa de aço, capaz de absorver o impacto de tiros de fuzis AR-15 e 762.
Na entrada da Linha Vermelha, há uma guarita também com vidros e paredes à prova de balas. Até o mês que vem, deverá ser instalada uma câmera a 16 metros de altura para vigiar o entorno do quartel.
Segundo o comandante do batalhão, tenente-coronel Álvaro Rodrigues Garcia, os policiais contarão com um microônibus para transportá-los até a avenida Brasil nos horários de entrada e saída dos plantões.
Medo
Apesar do discurso de Garotinho de que o quartel trará paz para a população da Maré, muitos policiais estão com medo de trabalhar no local. O presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, Vanderlei Ribeiro, disse que, em uma semana, já recebeu telefonemas de pelo menos 30 PMs, lotados no interior, pedindo que não sejam transferidos para a unidade.
"Eles estão com medo. Imagina colocar esses policiais sem experiência, vindos do interior, para combater traficantes muito bem armados e que conhecem cada rua da região", disse.
O comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz, afirmou que, por enquanto, o efetivo do batalhão será formado por policiais do 22ª BPM (Benfica), que será desativado, e de outras unidades da capital. Até o fim do ano, porém, a idéia é deslocar mais 200 homens para a Maré_ a maioria do interior e concursados.
A estratégia adotada pela Secretaria de Segurança para conquistar o apoio da população foi vincular programas sociais ao batalhão: "Temos certeza que o trabalho social que o governo do Estado vai implantar aqui ajudará muito o trabalho da polícia. A PM é apenas uma parte desse projeto para dar paz para toda a população da Maré", disse Garotinho.
Hoje, durante a solenidade de inauguração do novo batalhão, a segurança nas ruas próximas era ostensiva. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) podiam ser vistos em cima da laje de várias casas.
O público, na grande maioria mulheres e crianças, recebeu com frieza o secretário. A cerimônia terminou com um desfile de policiais do Bope, do Batalhão de Choque e da Guarda de Honra da PM.
Conflitos
O novo quartel fica em uma área da favela Nova Holanda, onde a venda de drogas é controlada por traficantes do Comando Vermelho. Bem próximo dali, na comunidade da Baixa do Sapateiro, o tráfico é dominado pelo Terceiro Comando.
Por causa da rivalidade entre as duas facções, a avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha são fechadas com frequência durante tiroteios entre traficantes inimigos ou com a polícia. Na semana passada, a Brasil foi fechada duas vezes.
Em 21 de abril deste ano, um microônibus do 22ª BPM foi atacado na Baixa do Sapateiro. O veículo foi atingido por tiros de fuzil ponto 30.
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