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24/07/2003
-
21h31
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Mais uma igreja barroca de Minas Gerais foi arrombada ontem e dez peças sacras dos séculos 17 e 18 foram furtadas. O furto aconteceu na igreja Santo Amaro, em Santa Bárbara, município que integra as cidades do ciclo do ouro.
Chega a pelo menos cem o número de peças furtadas das igrejas históricas mineiras neste ano. A contabilidade é do escritório do Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional) em Minas Gerais.
O número não representa a totalidade das peças furtadas, já que estão registradas as que são catalogadas pelo órgão e outras poucas peças de bens não-tombados.
Há uma quantidade significativa de imagens sacras furtadas que integravam o que os técnicos chamam de patrimônio descoberto. Sem os registros, a polícia tem dificuldade para recuperar as peças.
É o caso, por exemplo, do furto ocorrido no início deste mês na capela Santa Quitéria, no distrito de Catarina Mendes, em Ouro Preto. Os ladrões levaram sete imagens de santos, talhadas em madeira, dos séculos 18 e 19, e quatro castiçais, também em madeira.
Iphan e Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) argumentam que não têm condições de mapear e cuidar de toda a riqueza histórica. Cobram dos municípios maior envolvimento.
O site do Iphan (www.iphan.gov.br) apresenta algumas peças do patrimônio histórico nacional desaparecidas nas últimas décadas. São 799 registros no país, sendo 109 em Minas Gerais. A divulgação faz parte de uma campanha, da qual integram a Polícia Federal, Interpol e o Conselho Internacional de Museus, com o objetivo de receber informações sobre as peças furtadas.
Furto encomendado
A assessoria do Iphan informou que o furto na igreja Santo Amaro, no distrito de Brumal, tem todas as características de ter ocorrido "sob encomenda" de colecionadores de peças sacras.
Foram levados o calvário de marfim e madeira do altar-mor, com detalhes dourados. Integram a peça uma montanha, o Cristo na cruz, uma imagem de Nossa Senhora e outra de são João Evangelista.
Os ladrões levaram ainda quatro palmas de madeira policromada, retiradas da bancada do altar, dois coroamentos dos sacrários dos retábulos laterais, um Cristo pequeno, arrancado da cruz, e as imagens de dois anjos, talhados em madeira policromada, com detalhes em dourado, que também foram arrancados do altar-mor.
A polícia não tem pista dos assaltantes. A igreja possuía sensores de segurança, mas estavam desligados havia três anos porque disparavam a todo momento, de acordo com pessoas da comunidade que cuidam da igreja. As fotos das peças serão encaminhadas à Polícia Federal.
A igreja de Brumal, tombada pelo patrimônio histórico nacional em 1941, "conserva um dos melhores exemplares de conjunto ornamental da primeira fase do barroco mineiro, tanto pela homogeneidade do conjunto quanto pela qualidade das peças", de acordo com o Inventário de Bens Móveis e Integrados do Iphan.
Luiz Souza, coordenador da pós-graduação em artes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), disse que, diante de tanta vulnerabilidade, o país precisa se planejar melhor na área de preservação cultural, considerando a ciência e tecnologia. "Será que os filhos dos nossos filhos terão acesso a todo esse patrimônio?"
Mais dez peças sacras são roubadas de igreja histórica em Minas
PAULO PEIXOTOda Agência Folha, em Belo Horizonte
Mais uma igreja barroca de Minas Gerais foi arrombada ontem e dez peças sacras dos séculos 17 e 18 foram furtadas. O furto aconteceu na igreja Santo Amaro, em Santa Bárbara, município que integra as cidades do ciclo do ouro.
Chega a pelo menos cem o número de peças furtadas das igrejas históricas mineiras neste ano. A contabilidade é do escritório do Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional) em Minas Gerais.
O número não representa a totalidade das peças furtadas, já que estão registradas as que são catalogadas pelo órgão e outras poucas peças de bens não-tombados.
Há uma quantidade significativa de imagens sacras furtadas que integravam o que os técnicos chamam de patrimônio descoberto. Sem os registros, a polícia tem dificuldade para recuperar as peças.
É o caso, por exemplo, do furto ocorrido no início deste mês na capela Santa Quitéria, no distrito de Catarina Mendes, em Ouro Preto. Os ladrões levaram sete imagens de santos, talhadas em madeira, dos séculos 18 e 19, e quatro castiçais, também em madeira.
Iphan e Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) argumentam que não têm condições de mapear e cuidar de toda a riqueza histórica. Cobram dos municípios maior envolvimento.
O site do Iphan (www.iphan.gov.br) apresenta algumas peças do patrimônio histórico nacional desaparecidas nas últimas décadas. São 799 registros no país, sendo 109 em Minas Gerais. A divulgação faz parte de uma campanha, da qual integram a Polícia Federal, Interpol e o Conselho Internacional de Museus, com o objetivo de receber informações sobre as peças furtadas.
Furto encomendado
A assessoria do Iphan informou que o furto na igreja Santo Amaro, no distrito de Brumal, tem todas as características de ter ocorrido "sob encomenda" de colecionadores de peças sacras.
Foram levados o calvário de marfim e madeira do altar-mor, com detalhes dourados. Integram a peça uma montanha, o Cristo na cruz, uma imagem de Nossa Senhora e outra de são João Evangelista.
Os ladrões levaram ainda quatro palmas de madeira policromada, retiradas da bancada do altar, dois coroamentos dos sacrários dos retábulos laterais, um Cristo pequeno, arrancado da cruz, e as imagens de dois anjos, talhados em madeira policromada, com detalhes em dourado, que também foram arrancados do altar-mor.
A polícia não tem pista dos assaltantes. A igreja possuía sensores de segurança, mas estavam desligados havia três anos porque disparavam a todo momento, de acordo com pessoas da comunidade que cuidam da igreja. As fotos das peças serão encaminhadas à Polícia Federal.
A igreja de Brumal, tombada pelo patrimônio histórico nacional em 1941, "conserva um dos melhores exemplares de conjunto ornamental da primeira fase do barroco mineiro, tanto pela homogeneidade do conjunto quanto pela qualidade das peças", de acordo com o Inventário de Bens Móveis e Integrados do Iphan.
Luiz Souza, coordenador da pós-graduação em artes da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), disse que, diante de tanta vulnerabilidade, o país precisa se planejar melhor na área de preservação cultural, considerando a ciência e tecnologia. "Será que os filhos dos nossos filhos terão acesso a todo esse patrimônio?"
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