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30/07/2003 - 22h14

Integrantes do MTST invadem terreno perto da Prefeitura de Recife

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

Cerca de 500 pessoas ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) invadiram hoje um terreno de 8 hectares, ao lado da Prefeitura de Recife (PE), próximo ao centro da cidade.

Foi a terceira invasão promovida pelo movimento desde terça-feira, quando a entidade iniciou uma "jornada de ocupações e reivindicações" no Estado, com duração prevista de um mês.

A ação de hoje começou às 4h45, com a entrada de aproximadamente 200 pessoas na propriedade. Vigias que estavam próximos ao local não reagiram. Não houve confronto.

O terreno é uma área pública onde já funcionou um depósito da Petrobras. Assim que entraram na propriedade, os sem-teto se dividiram em vários grupos e começaram a trabalhar. Até o final da tarde, nenhuma ação de reintegração de posse havia sido impetrada na Justiça.

Parte dos invasores ficou encarregada de limpar e demarcar o local. Outros fizeram ligações clandestinas de água e luz para atender os invasores. Dezenas de barracos de lona foram erguidos.

Segundo o líder estadual do MTST e reverendo da Igreja Anglicana Marcos Cosmo, 38, o movimento reivindica a desapropriação da área e a construção de um conjunto residencial no local.

Cosmo disse que a entidade, que tem 8.500 famílias cadastradas no Estado (cerca de 30 mil pessoas), pretende tomar até o final de agosto pelo menos mais 20 terrenos em zonas urbanas, principalmente na região metropolitana de Recife.

Filiado ao PT, o líder sem-teto nega qualquer vínculo político nas suas ações. "Sou filiado, mas o movimento tem sua autonomia e não admite nenhuma interferência partidária", afirmou.

Cota e mensalidade

Criado há três anos em Pernambuco, o MTST promoveu nesse período 34 invasões no Estado, sendo oito delas neste ano. De acordo com Cosmo, a entidade está estruturada também no Pará, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Apesar de atuar em várias regiões, o movimento, segundo o líder pernambucano, não possui uma coordenação nacional.

"Estamos estudando essa possibilidade", disse Cosmo. De acordo com ele, atualmente os líderes estaduais trocam informações e experiências apenas em conversas esporádicas.

Em Pernambuco, os recursos que financiam as invasões são oriundos dos próprios sem-teto. Quem pretende participar de uma ação, afirmou, paga entre R$ 1 e R$ 3 por família. Esse dinheiro é gasto basicamente com o transporte dos invasores, disse.

Após tomar a propriedade e montar os barracos, os acampados pagam ao MTST uma mensalidade de manutenção, no mesmo valor. A prestação de contas é feita pelos coordenadores que chefiam os acampamentos.

Segundo Cosmo, a eventual inadimplência não é punida com a expulsão do devedor. "Isso seria contrariar tudo o que pensamos", disse. "Não forçamos ninguém a pagar, apenas mostramos a ele que sua família deixou de pagar R$ 80 de aluguel."

O MTST é, hoje, a mais atuante entidade de luta por moradia nas áreas urbanas, em Pernambuco. O MRST (Movimento Revolucionário dos Sem Teto), que invadiu ontem uma pequena escola abandonada em Olinda (Grande Recife), é ainda desconhecido. O Must (Movimento Urbano dos Sem-Teto) não atua há dois anos.
 

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